domingo, 20 de março de 2011

Um deus sem verbo.

Sou amoral, imoral que busca a moral da ética. vejo um texto interessante e compartilho aqui. E meus direitos autorais? rsrsrsrs dane se! eu sou Deus.
precederão, se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza.’”

O evangelho de Tomé (”As palavras secretas de Jesus, o vivo“)

Quando Osho fala sobre Deus é sempre aquela “confusão”. Em alguns momentos ele fala como um teísta, em outros, como um ateísta. Mas, para entender o porquê desse comportamento paradoxal é preciso compreender que quando Osho (e outros sábios) está falando de Deus, ele não está falando de Deus. Tá, eu não ajudei. ;-)

Colocando de outra forma: quando um sábio (como Osho), fala em “deus”, ele não fala do Deus que nós entendemos como deus… Na verdade é até indiferente se o “d” é maiúsculo ou minúsculo, pois nomes próprios só deveriam ser dados a entidades e criaturas físicas. O que não é o caso de deus. A partir do momento que você pensa que “deus” é masculino, ou mesmo feminino, ou que está no céu, ou ainda que “ouve” as suas preces ou se preocupa com o que você faz ou deixa de fazer; você está confessando abertamente que nunca teve uma experiência direta de “deus”. Que apenas acredita nas fábulas e lendas de escrituras sagradas, que interpretou equivocadamente as mitologias, que ou entendeu errado ou nem entendeu as metáforas. É por isso que “crer em deus” normalmente traz mais problemas do que soluções!

Recentemente, assisti a um trecho de uma das palestras do Osho em que ele fala exatamente disso, “deus não é a solução, mas sim um problema“. (gostaria de traduzir e legendar esse vídeo, mas estou aguardando o parecer da Osho International Foundation, pois eles detêm os direitos das imagens… se conseguir, posto o vídeo aqui no Inconsciente, se não, transcrevo em português o vídeo em outro post) Pois bem, quem ouve Osho dizendo “eu não acredito que Deus não exista, eu tenho certeza disso!” (risos) pode estranhar ler um texto como este que trago neste post. Mas esse comportamento aparentemente contraditório dele é proposital. Da mesma forma que um koan zen (aquelas frases, diálogos, sentenças que por parecerem contraditórias visam balançar as “certezas” do aprendiz, retirá-lo da sua segurança intelectual e fazê-lo experimentar a realidade de sua indagação), Osho tenta nos desviar das nossas noções preconcebidas de “deus”. Esqueça tudo o que você pensa que “deus” é. Esqueça o que as religiões te disseram, o que os sacerdotes, familiares e tradições te fizeram acreditar.

Isso me lembrou uma citação de Albert Einstein, que li recentecemente. Einstein nunca foi ateu, porém, ele próprio se incomodava com a ideia popular que se tem de deus, e foi um crítico ferrenho das religiões. Basicamente, o que ele diz é o seguinte:

“A opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu.

Creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia.

Não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam idéias que datam de 1880.

Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria.

Há, porém, várias maneiras de se representar Deus.

* Alguns o representam como o Deus mecânico, que intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos acontecimentos. Querem pô-lo a seu serviço, por meio de fórmulas mágicas. É o Deus de certos primitivos, antigos ou modernos.

* Outros o representam como o Deus jurídico, legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece distâncias.

* Outros, enfim, como o Deus interior, que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais íntimo da consciência.”

Acho que Einstein conseguiu sintetizar brilhantemente o “problema de deus” e também da forma mística de se “acreditar em deus”. É algo que o mitólogo Joseph Campbell também tentou esclarecer aos seus estudantes e leitores. O que me faz lembrar de uma historinha real que Campbell conta em sua famosa entrevista que rendeu o livro e o DVD “O Poder do Mito“. Ele conta que certa vez (estou confiando na minha memória aqui, então alguns detalhes podem estar faltando!), foi apresentado a um padre católico. Enquanto conversavam, o padre perguntou a Campbell se acreditava em Deus, no que ele respondeu “não”. Então o padre perguntou se existisse uma forma de demonstrar ou provar racionalmente a existência de Deus, se seria mais fácil para as pessoas acreditarem. Campbell disse que se houvesse uma forma de demonstrar racionalmente a existência de deus, então nós não precisaríamos ter “fé”. E não é verdade? Quando perguntaram ao psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (o pai da Psicologia Analítica) se ele acreditava na existência de deus, ele respondeu: “Não, eu sei.” Grande diferença né? Acreditar e saber.

Os verdadeiros místicos não acreditam em deus. Eles sabem. Você não precisa ter fé quando tem certeza. Quando verdadeiramente sabe.

O texto abaixo, de Osho, é um trecho do capítulo “Torne-se uma chama”, retirado do livro “A Divina Melodia“. Começa com a pergunta de uma pessoa, que deixei em itálico, e então a resposta de Osho. Os grifos são meus.

+++

Percebi, na palestra de ontem, que estou resistindo à palavra “deus”. Meus pensamentos se voltam. para um fato que ocorreu, há vários anos, quando eu estava cuidando de um homem muito doente num hospital – ele estava morrendo. Pediu-me que chamasse um padre, pois ele estava com medo. Quando o padre chegou, o homem doente lhe disse diretamente:

“Deus o amaldiçoe.”

E o padre se afastou, dizendo-me: “Não vale a pena fazer nada por este homem.” Eu disse ao padre: “Este homem está muito doente, e não sabe o que está dizendo.”


Mas o padre, assim mesmo, recusou-se a ajudá-lo. Desde esse dia, nun¬ca mais fui a uma igreja. Sei que Deus está dentro de mim. Então, porque essa resistência? Por favor, ajude-me.

A PALAVRA “DEUS” não é Deus. A palavra “amor” não é amor. A palavra “fogo” não é fogo. Por isso, o mais importante é lembrar-se de não se apegar muito às palavras, não ficar muito obcecado com as palavras. As palavras são apenas símbolos indicativos: use-as, mas não se sinta muito oprimido por elas. Se a palavra “deus” lhe causa problemas, esqueça essa palavra. “Alá” também serve, ou “Rarn”, ou “X y Z” – escolha outra palavra, se esta provoca uma associação errada. Mas se você começar a criar uma resistência contra o próprio Deus, contra a própria verdade, apenas você será responsável e apenas você estará perdendo algo de imenso valor. Mas isso acontece. Nós usamos a linguagem; tornamo-nos tão obcecados com a linguagem, que nos esquecemos de que ela não é a realidade. Na verdade, tem-se que colocar a linguagem de lado para se ver a realidade.

O incidente é significativo. Se você tivesse se tornado resistente em relação aos padres, não haveria nada de errado nisso; mas não foi isso que aconteceu. O padre recusou-se a ajudar – não Deus. Rejeite os padres, não há nenhum problema nisso; na verdade, quanto mais você evitar os padres, mais próximo ficará de Deus. Os padres não são necessários, de maneira alguma. Eles continuam propagando que são necessários, enfatizando que sem eles não há possibilidade de você entrar algum dia no mundo de Deus, mas esta é a proposição deles. Esse é o negócio deles, seu comércio secreto; eles têm que criar essa atmosfera. Do contrário, nenhum intermediário é necessário; Deus é seu, gratuitamente. Não é necessário nenhum agente intermediário; Deus está disponível imediatamente. Mas é claro que os padres fizeram um grande negócio – o maior de todos – e negociam uma mercadoria que é invisível; assim, você nunca poderá provar se eles a entregam ou não. A mercadoria em si é invisível – um belo jogo.

Ouvi contar …


“Por que aquele menino pequeno está chorando?”, perguntou uma velha senhora bondosa a um moleque esfarrapado.
“Porque outro garoto roubou-lhe o doce”, ele respondeu. “E como é que você está com o doce, agora?”
“É claro que eu estou com o doce”, respondeu o moleque. “Eu sou o advogado dele.”

Perceberam? O padre irá explorá-lo; ele se torná seu advogado, seu agente, e apenas o explora. Ele próprio está completamente inconsciente de Deus – do contrário, não seria padre. Teria sido um profeta, mas não um padre. “Padre” é uma palavra feia: aquele que está usando a religião como um negócio, explorando as pessoas em nome de Deus. O profeta é aquele que o ajuda a se transformar, a se transfigurar. O profeta não está tão preo¬cupado com Deus, como está com você, com a sua realidade. Quando sua realidade começar a se manifestar, você saberá o que é Deus – porque você é Deus em semente. Podemos nos esquecer completamente de Deus: Buda nunca falou sobre ele, Mahavir também não. E Buda ajudou imensamente. Ele insistia: Deus não é o problema, Deus não é a questão; a questão é o seu ser interior. Um profeta está preocupado com o seu ser. Se o seu ser desabrochar, florescer, nessa fragrância você saberá o que é Deus. Não há outra maneira.

Através da oração, do templo, da igreja, do ritual, da tradição, você não chegará a lugar algum; apenas o padre ficará cada vez mais rico. E esse investimento torna-se tão grande que os padres e os pol íticos se juntam para explorar as pessoas. Essa é a maior conspiração: através dos séculos, os padres e os políticos andaram juntos. Eles são os maiores culpados. Jesus foi crucificado porque não era um padre … Começou. a se comportar como um profeta, e é claro que os padres ficaram com medo. Sempre que há um profeta os padres ficam com medo – porque ele irá destruir todo o seu negócio. Jesus foi crucificado por causa dos padres; eles estavam por trás de tudo. Nenhum profeta jamais será tolerado pelos padres – não pode ser tole¬rado; é perigoso.
Por isso, se o seu incidente ajudou-o a ficar ciente dos padres, foi bom.

Mas, de alguma forma, sua associação deu errado. Não vá à igreja, não há necessidade; Deus está em toda parte. Não vá a nenhum padre, não há necessidade; Deus está disponível para você – direta e imediatamente. Mas se você tiver uma resistência à palavra “deus”, isso se tornará uma barreira; irá tolhê-lo, inibi-lo, não permitirá que você flua para o infinito. E não há razão para isso – Deus não fez nada. O padre afastou-se e foi embora, mas você sabe se Deus também foi? Deus nunca se afastou de ninguém. Na verdade, pelo fato de o padre ter-se afastado, Deus pode ter cuidado ainda mais do moribundo – pois não havia outro auxílio. Quando um homem está desamparado, Deus simplesmente começa a fluir em direção a ele. Em imenso desamparo, você se torna receptivo. Quando o homem estava completamente desamparado, e o padre foi embora, e a morte estava chegando – nesse estado de desamparo, ele deve ter feito um contato; você não pôde vê-lo do lado de fora.

Seja contra os padres. Mas não há necessidade, não se justifica que você tenha alguma resistência em relação a Deus.

Você diz: “Sei que Deus está dentro de mim.” Você não sabe, você não sabe absolutamente. Você ouviu dizer isso. Você me ouviu dizer, ouviu Jesus dizer “Deus está em você”, mas você não sabe absolutamente. Por que, uma vez que você sabe, não há problemas; sabendo que “Deus está em mim”, imediatamente Deus está fora também. No momento em que você perceber um único raio do divino penetrando em você, conhecerá tudo o que existe para ser conhecido. Conhecido o de dentro, o de fora é conhecido. Conhecido o de fora, este se torna conhecido dentro também – pois o de dentro e o de fora não são duas coisas separadas; são dois aspectos da mesma energia.

Assim, esse pensamento de que “Deus está dentro de mim” pode ser um outro truque de sua resistência, pois você não quer ver Deus fora. Você é contra isso, pois bem no fundo de sua mente você sente que, se Deus está lá, então você precisará de um mediador, precisará de alguém para guiá-lo até lá. Se Deus está fora, lá em cima no céu, então alguém será necessário para guiá-lo. Sozinho, você não será capaz de encontrá-lo. Então você diz:

“Deus está dentro de mim” – assim não há necessidade do padre. Você está dizendo isso apenas para evitar o padre – mas você não sabe.
Deus é tudo. A distinção entre o de fora e o de dentro é falsa. Dentro e fora são um; apenas uma realidade, de uma ponta a outra. Não são duas, não é dual, por isso não a divida.

Ouvi contar. ..

Quando Xerxes estava na praia com sua armada, e olhou para o Helesponto, perguntou a si mesmo: “Como farei para meus homens atravessarem?” Ele ordenou a seus generais que construíssem uma ponte de barcos, e eles obedeceram. Mas uma tempestade veio e destroçou sua ponte. Num acesso de raiva violenta, ele ordenou a execução dos supervisores que dirigiram o trabalho. Mas isso não foi suficiente para satisfazê-lo, pois a sua raiva era grande, quase louca. Então ele ordenou a seus escravos que dessem trezentas chicotadas no mar.

Mas isso é uma tolice – trezentas chicotadas no marl Mas é assim que a mente funciona; nossa mente é muito infantil. Você já reparou numa criança pequena? Se ela se machuca com uma porta ou um móvel, ela bate na porta ou no móvel, como se eles fosse o inimigo, como se eles tivessem feito alguma coisa a ela. Ela pode ter tropeçado, mas acha que a cadeira é responsável. E essa atitude infantil continua. As pessoas ficam senis, mas sua atitude infantil nunca muda.

No seu caso, um padre não se comportou bem, mas se você for um pouco razoável. .. Primeira coisa: se um padre não agiu bem, isto não significa que todos os padres estejam errados. Segunda coisa: foi o padre que não agiu bem, não Deus. Terceira coisa: você não sabe o que aconteceu àquele moribundo, no mais profundo do seu ser.

Não se apresse em tirar conclusões. Um homem sábio nunca conclui tão facilmente, pois todas as conclusões fazem Sua mente fechar-se. Você não sabe o suficiente; conclusões são perigosas. Uma conclusão só está certa quando você já conheceu tudo. Os homens mais sábios do mundo disseram que nada sabiam; como podemos nós concluir? E qualquer coisa que saiba-mos é tão pequena, tão ínfima… como se você tivesse lido apenas uma linha da Bíblia e, a partir dessa linha, concluísse alguma coisa. Seria tolice; não seria sábio.

Você pergunta: Então, por que essa resistência? Não penso que a resistência dependa do incidente. Na verdade, todo mundo é resistente em relação a Deus; as desculpas podem ser diferentes. Essa história é uma desculpa – porque não é razoável ficar resistente a Deus apenas por causa desse incidente. Por isso, deve ser uma desculpa. Você quis a resistência – essa história apenas lhe forneceu um argumento, uma desculpa.

Todo mundo é resistente em relação a Deus – por quê? Porque, se quiser conhecer Deus, você tem que desaparecer: essa é a resistência. Você tem que morrer para que Deus viva em você. Você tem que desaparecer completamente, totalmente; você tem que estar vazio, tem que esvaziar-se. Somente no seu vazio Deus pode descer; quando você está muito cheio ele não pode entrar. Sua taça está muito cheia de você mesmo; ela tem que ser esvaziada – esta é a resistência.

Não dê muita importância às desculpas – elas são insignificantes. O problema real se esconde por trás das desculpas. O problema real é: para se tornar religiosa, a pessoa tem que negar a si mesma – este é o único sacrifício necessário. O ego tem que ser abandonado. A mente tem que parar, para que Deus esteja presente – então, é claro que há resistência.

Por isso, esqueça esse incidente. Ele não tem nada a ver … Na verdade, é muito raro eu encontrar uma pessoa que não seja resistente, que não esteja, no fundo, lutando contra Deus. É natural; tente compreender. Queremos permanecer nós mesmos: Deus é o maior perigo. Por isso, as pessoas vão aos padres. Elas poderiam ir diretamente a Deus, mas vão ao padre – pois não querem realmente ir para Deus. O padre protege-as de Deus. Elas vão às escrituras, pois estas estão mortas, e não se pode encontrar um Deus vivo numa escritura. Essa é a maneira de esquivar-se.

As pessoas não vão a um Mestre vivo, porque ir a um Mestre vivo significa saltar no fogo. Você desaparece – mas somente através desse desaparecimento Deus aparece.

Ser realmente religioso é cometer suicídio. É isso mesmo que eu quero dizer – suicídio. Quando uma pessoa se mata, isto não é um suicídio; apenas o corpo muda – ela nascerá de novo. Isso é apenas uma mudança de corpo, uma mudança de roupas, de moradia. Mas quando um homem abandona o ego, ele comete um suicídio real, autêntico; agora ele não voltará mais. Agora não terá mais necessidade de outra moradia neste mundo de miséria, neste mundo de escuridão, neste mundo que é quase um inferno. Ele não voltará mais. Abandonado o ego, sua jornada está terminada; você terá aprendido a lição. Esta é a resistência.

Por isso, por favor esqueça essa desculpa. Do contrário, você continuará pensando nela – e esta não é a causa verdadeira.

A manipulação dos compostos e o problema de Deus.

Não se conhece a infinitude do universo olhando sua grandeza do universo nem o átomo antimatéria,nem com números inteiros, nem dizíma, nem periódica, mas no conjunto vazio.
Eu gostaria de poder saber mais a respeito de Deus. Você pode me ajudar, Bhagwan?

Não há jeito de se saber mais a respeito de Deus. Você pode conhecer Deus, mas você não pode saber mais a respeito de Deus. Saber mais a respeito de Deus não é conhecê-Lo. Saber mais é informação; conhecer Deus é uma dimensão totalmente diferente. Saber a respeito é informação – você pode continuar, sabendo mais e mais a respeito, mas nunca chegará a Deus. Conhecer Deus é totalmente diferente de saber a respeito de Deus.

Você pode saber muito sobre o amor sem conhecer absolutamente o amor. Você pode ir às livrarias, consultar as enciclopédias e coletar toda a informação possível sobre o amor – mas se o amor não aconteceu a você, você não saberá o que é o amor. Você pode coletar todas as histórias sobre o amor – Laila e Majanu, Shiri e Farahad -, pode coletar histórias sobre todos os amantes do mundo; isso também não ajudará. O amor tem que acontecer a você; você tem que se apaixonar. Você tem que se arriscar, tem que jogar tudo – só então você saberá.

Você diz: “Eu gostaria de poder saber mais a respeito de Deus.” Primeira coisa: saber mais não será de muita ajuda. Assim que uma pessoa
se torna um estudioso, um pândita – bem-informada. Não estou aqui para ajudá-lo a tornar-se mais bem- informado; você já tem muitas informações. Eu estou aqui para destruir o seu conhecimento, tírá-lo de você. Você tem que aprender como desaprender.

Você diz, ‘que “Eu gostaria”. “Gostaria” é uma coisa muito fraca, que não faz com que ninguém chegue até Deus. Mais insistência, um desejo mais profundo é necessário … um desejo que se torne uma chama em você. Uma fome é necessária; “gostaria” não ajudará. Uma sede é necessária … como se você estivesse perdido no deserto do Saara, e por milhas à sua volta, apenas areia, areia, areia, e um sol ardente, nenhuma gota de água com você, e não se avista nenhum verde, e você está com sede, todo o seu ser está por um fio – a qualquer momento você pode morrer – e a sede aumenta, e você se torna uma chama … nessa sede Deus é possível.

Torne-se sedento. “Gostaria” não é o suficiente; é muito fraco;

Ouvi contar …

Um mendigo faminto parou numa casa de campo e pediu alguma comida. A dona da casa trouxe-lhe alguma coisa, e ele sentou-se na porta dos fundos, deliciando-se com a comida.

Logo que ele sentou, uma pequena galinha ruiva passou correndo, fugindo de um galo que vinha em seu alcanço. O mendigo jogou um pedaço de seu pão para o galo, que parou instantaneamente sua perseguição, e avidamente engoliu o pedaço de pão.
“Nossal” exclamou o mendigo. “Espero que eu nunca fique com tanta fome assim!”

Você tem que estar tremendamente faminto. Não pode ser apenas uma curiosidade. Deus não pode ser um objeto de curiosidade; Deus não pode ser um objeto de seu pequeno desejo. Deus não é a satisfação de uma vontade, não é um sonho seu. Deus tem que ser como uma chama em suas entranhas. Quando você começar a sentir que nada mais importa, quando Deus é a prioridade máxima e você está pronto a sacrificar tudo, quando Deus se torna um desejo tão urgente, absorvente, que até mesmo a vida não tem mais sentido sem Deus – só então você chegará a Ele. E aí, não há necessidade de ninguém que o ajude; seu desejo fará o trabalho.

Nessa sede premente, nessa intensidade, tudo o que é escuro em você desaparece. Nessa chama, tudo o que é inútil é consumido. Você se torna ouro puro.

Deus é a sua realidade, assim como é a minha realidade. Deus é a sua realidade assim como era a de Jesus Cristo ou de Gautama Buda. A diferença é que você ainda não é capaz de separar o joio do trigo; o trigo está em você, mas há muito joio misturado. Num tremendo desejo de conhecer, de ser, o joio é exterminado – e não há outra maneira.

Quando você vai a um Mestre, ele, na verdade, não o ajuda a chegar a Deus: ele o ajuda a se tornar cada vez mais sedento. Ele o ajuda a se tornar cada vez mais intensamente faminto. Ele lhe dá sede e fome; ele lhe dá uma paixão louca pelo impossível.

Um homem veio até Buda e perguntou: “Se eu o seguir, serei capaz de conhecer a verdade?” Buda disse: “Isso não é certo; não posso garanti-lo. Posso garantir apenas uma coisa: eu o tornarei cada vez mais sedento. Então, tudo o mais dependerá de você. Posso transferir minha sede para você, se você estiver pronto para permitir tamanha sede … pois é doloroso. A jornada é dolorosa; todo crescimento é doloroso. Se você permitir que eu crie essa dor em você, a própria dor o purificará. A dor é um processo de purificação.”

Por isso nunca diga que você gostaria de saber a respeito de Deus, nem que gostaria de saber mais. Ou Deus é conhecido ou não é – mais ou menos seria absurdo. Você não pode dividir Deus assim: “Eu sei um pouquinho, alguém sabe um pouco mais, alguém sabe quase a metade e alguém sabe cem por cento.” Deus não pode ser dividido; ou você sabe ou não sabe. E o conhecimento de Deus não é como qualquer outro conhecimento. Não é como o conhecimento científico, que você vai aumentando cada vez mais, como uma progressão que continua e nunca termina. Não é um conhecimento a partir do exterior. O conhecimento de Deus não é bem um conhecimento, é mais como o amor. Você desaparece em seu amado – essa é a única maneira de conhecer. E quanto mais você desaparece em seu amado, mais você sabe que não sabe.

Os maiores conhecedores de Deus sempre dizem que não sabem. Eles são como gotas no oceano: elas caem no oceano e desaparecem, e o oceano cai nelas e desaparece. Então, quem é o conhecedor e quem é o conhecido?

Kabir disse: “Eu estava procurando e procurando e procurando, e então eu me perdi; aí aconteceu o milagre dos milagres. Quando eu não estava mais lá, você estava, bem em frente a mim. E quando eu estava lá, procurando e procurando, você estava tão distante – nem mesmo um vestígio. E agora, olhe … Eu desapareci. Procurando, eu me perdi completamente; toda a minha busca me absorveu, me destruiu completamente. Agora eu não estou mais … e meu Senhor, você está aqui bem à minha frente.”

Kabir disse que aquele que procura nunca alcança o procurado. O homem nunca se defronta com Deus – porque, a menos que você desapareça, ele não pode aparecer; assim, não há ponto de encontro. Quando você está, ele não está; quando ele está, você não está – assim, como você pode afirmar que sabe? Quando você não está – só então ele está. Quando o conhecedor desaparece, o conhecimento aparece; não pode ser apenas a satisfação de uma vontade.

Posso ajudá-lo a se tornar uma chama – sedenta, faminta, ardente; posso dar-lhe a dor. Então todo o resto depende de você – o quanto você entra nessa dor, nesse fogo. Você pode dar um salto, e Deus pode acontecer num momento repentino. Não há necessidade de esperar, nem de adiar. Neste exato momento pode acontecer … se você estiver pronto para entrar totalmente nessa dor.

Deus não existe

“O Caminho que pode ser verbalizado não é o Caminho eterno.

O nome que pode ser falado não é o nome eterno.

O indizível é a origem do Céu e da Terra.

O nomeado não é senão a mãe de dez mil coisas.

Em verdade, somente aquele que livra-se para sempre do desejo pode ver as Essências Secretas;

Aquele que nunca livrou-se do desejo somente pode ver as Consequências.

Essas duas coisas provêm da mesma fonte; todavia são diferentes na forma.

Essa fonte só pode ser chamada de Mistério.

A porta entreaberta de onde emergem todas as essências secretas.”

(Lao Tsé, Tao Te Ching – 600 a.C)

“Ora, a eternidade está além de todas as categorias de pensamento. Este é um ponto fundamental em todas as grandes religiões do Oriente. Nosso desejo é pensar a respeito de Deus. Deus é um pensamento. Deus é um nome. Deus é uma ideia. Mas sua referência é a algo que transcende a todo pensamento. O supremo mistério do ser está além de todas as categorias de pensamento.”

(Joseph Campbell – 1986)

“A vida espiritual é o buquê, o perfume, o florescimento e a plenitude da vida humana, e não uma virtude sobrenatural imposta a ela. Desse modo, os impulsos da natureza é que dão autenticidade à vida, não as regras de uma autoridade sobrenatural.“

(Joseph Campbell – 1986)

“Nas tradições religiosas, a metáfora remete a algo transcendente, que não é literalmente coisa alguma. Aceitar a metáfora como auto-referente equivale a ir ao restaurante, pedir o cardápio e, deparando ali com a palavra “bife”, começar a comer o cardápio.“

(Joseph Campbell – 1986)

“Os etíopes dizem que seus deuses têm nariz chato e são negros, enquanto os trácios dizem que os seus deuses têm olhos azuis e cabelo ruivo. Ora, se os bois, os cavalos ou os leões tivessem mãos e pudessem desenhar, e pudessem esculpir como homens, então os cavalos desenhariam seus deuses como cavalos, e os bois como bois, e cada um moldaria corpos de deuses à semelhança, cada gênero, do seu próprio.”

(Xenófanes – séc. VI a. C)

“Quando digo que não existe Deus, estou negando uma personalidade a Deus. Estou dizendo que Deus não existe, mas existe uma tremenda religiosidade. É uma energia impessoal, pura energia. Atribuir-lhe qualquer forma é ofensivo. Você está impondo a sua própria forma a ela.”

(Osho)

“A mera ideia de Deus deve-se ao fato de que nossas mentes não podem compreender a eternidade. Uma vez que você se eleva acima de sua mente limitada em direção a um estado de não-mente ilimitado, você poderá conceber tudo o que antes era inconcebível. Nenhum Deus é necessário.”

(Osho)

O vídeo de Osho que trago hoje basicamente se resume a uma afirmaçã0 já conhecida dos leitores do Inconsciente: a verdade é uma experiência, não uma crença. E seguindo a “polêmica” de outro vídeo dele já publicado aqui no blog: “Deus não é uma solução, mas um problema!”, novamente temos Osho comentando o teísmo x o ateísmo.

Deus é uma palavra muito complicada. Por mais que se queira reescrever, reinterpretar ou praticamente reinveintar um “conceito” para “Deus”, a associação da palavra com algo “pessoal”, “personificado”, antropomórfico ou com qualidades que tradicionalmente (entenda isso como sem relação alguma com a experiência direta = religião) gostamos de atribuir (coisas como “Deus é amor”, “Deus é Pai”, “Deus é sábio”, “Deus é perfeito” etc.) continuam prevalecendo no ideal da maioria das pessoas. O indivíduo que se diz religioso tem “Deus” como uma convicção, uma crença estabelecida, uma “verdade” intelectual que está mais relacionada com aquilo que ele escolhe ver (os filtros que ele usa para entender a “realidade”), com as ideias com as quais foi condicionado na infância, do que com algo que ele genuinamente experimentou. Dentro do modo de pensar da maioria, quando algo legal acontece com esse indivíduo, é Deus agindo. Quando é algo trágico, aí… bem, é qualquer outra coisa agindo… talvez seja melhor mudar de assunto… Mas são nesses momentos que percebemos a fragilidade de uma crença que se baseia unicamente em projeção: “Deus é aquilo que eu acredito que seja”. Ou pior: que me disseram que é… Convenhamos, isso abre margem pra qualquer coisa, seja “boa” ou “ruim”, dependendo de “gosto do freguês”…

Há um tempo atrás saiu um estudo realizado nos EUA com pessoas religiosas, incluindo membros do clero. De acordo com o estudo, a maioria das pessoas que se consideram religiosas (não lembro exatamente do percentual encontrado, mas era algo em torno dos 70 – 80%) nunca tinha tido nenhuma experiência direta de divindade. E é interessante observar que dentro do seleto grupo de pessoas que afirmam ter tido tal experiência mística, a noção que essas pessoas têm de “Deus” é completamente diferente da que estamos acostumados a ouvir por aí, ou da que a esmagadora maioria de nós fomos educados…

O que mais gosto nessa série de palestras de Osho – sendo o trecho do vídeo apenas uma pequena parte da fala dele sobre o tema – é a ênfase que ele dá ao fato de que a ideia comum de “Deus” se refere a algo estático, absoluto, perfeito, portanto morto. Ah, sem falar que normalmente é algo “externo” a nós… Mas a existência não é morta, não é estática, não é perfeita (pois está em contínua evolução – perfeito é algo que já chegou no ponto máximo)… e muito menos está além de nós. Apesar de Osho não ser teísta, igualmente também não pode ser considerado ateísta, já que para ele não se resume tudo à matéria. E, não esqueçamos, teísmo e ateísmo são apenas as faces opostas da mesma moeda.

A existência é inteligente, não-criada, eterna. Não há a necessidade de um “Deus”, na concepção comum da palavra. Na verdade, sequer dá para colocar “Deus” e “existência” como sinônimos, porque por mais que se explique, a ideia original de Deus, a mais popular (a do “fantasmão que é amor” – e nem vou entrar no mérito da ideia popular a respeito do “amor”), continua latente na mente das pessoas. Com “existência” não há esse problema. Existência nos remete a algo vivo, em evolução, inteligente, algo que nos une a todos… a tudo… Ah, mas palavras são sempre limitações…

Gosto especialmente da metáfora: você é uma gota de Consciência num oceano de Consciência. Nada mais é preciso ser dito ou explicado. Tat tvan asi.

Então… vamos a Osho! (A tradução não é minha, mas tenho a permissão do tradutor, que prefere não ser identificado)

(uma observação quanto ao vídeo: para assistí-lo, é preciso clicar no play duas vezes. Na primeira, enquanto o botão está vermelho, e esperar que fique verde, quando se clica mais uma vez. O Megavideo está meio instável desde ontem – 18/03 -, portanto o vídeo pode não abrir em determinados momentos ou mostrar que “ainda está sendo convertido”. Se o problema persistir, por favor me avisem!)
“E quando eu digo que Deus está morto, tudo o que resta para você é sua própria consciência. E sua consciência é parte de uma consciência oceânica que o cerca. Uma vez consciente de seu interior, verá que, por toda a parte, aquela mesma consciência está pulsando, dançando. Nas árvores, nos rios, nas montanhas, nos oceanos, nos olhos das pessoas, em seus corações, é a mesma canção, a mesma dança – e você participa dela. Sua participação é boa. Sua não participação é má.”
(Osho)

http://www.livrariabarauna.com.br/ficcao/o-santo-de-pau-oco.html


  • O Santo-De-Pau-Oco

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