quinta-feira, 1 de dezembro de 2011









Dizem que ele foi o mais sábio que já pregou. Vejo assim: Não resistas ao mal. Se atingido numa face, oferece a outra. Há alguma sabedoria, alguma filosofia nisto? Cristo tira da bondade, da virtude, da verdade, o direito à autodefesa. Vício se torna dono do mundo, e o bom se torna vítima do infame.
Nenhum homem tem direito à autodefesa, defender sua propriedade, sua esposa e crianças. Governar se torna impossível e o mundo está à mercê dos criminosos. Há algo mais absurdo que isto?
Ama teus inimigos. É possível isto? Será que qualquer ser humano já amou seu inimigo? Ele mesmo não amou. Será que Cristo amou os seus quando ele os denunciou como hipócritas e víboras? Não podemos amar aqueles que nos odeiam. Ódio no coração dos outros não semeia amor nos nossos. Não resistir à maldade é absurdo; amar nossos inimigos é impossível. Não te preocupes com o sofrimento. A idéia é de que Deus tomaria conta de nós como ele tomava conta de pardais e lírios. Será que há um menor sentido nesta crença? Será que Deus cuida de alguém? Podemos viver sem nos preocupar com o sofrimento? Arar, semear, cultivar, colher, é se preocupar com o sofrimento. Nós planejamos e trabalhamos para o futuro de nossas crianças, para as gerações que estão por vir. Sem essas preocupações não haveria nenhum progresso, nenhuma civilização. O mundo retornaria às cavernas e às masmorras da selvageria. Se teu olho direito te ofende, tira-o fora. Se tua mão direita te ofende, corta-a fora. Por que? Por que é melhor que uma parte do corpo pereça a permitir que o corpo inteiro seja mandado para o inferno. Existe alguma sabedoria em aconselhar a retirar um olho ou amputar sua mão? É possível extrair desses ensinamentos esdrúxulos o menor grão de bom senso? Não jurais; nem pelos céus, porque este é o trono de Deus; nem pela terra, porque esta é o seu apoio; nem por Jerusalém, porque esta é a sua cidade sagrada. Aqui achamos a astronomia e a geologia de Cristo. O céu é o trono de Deus, o monarca; a terra é o seu apoio. um apoio que gira na velocidade de milhares de milhas por hora, e viaja pelo espaço a uma velocidade de mais de mil milhas por minuto! Onde os Cristãos pensavam que o céu ficava? Por que seria Jerusalém uma cidade santa? Seria pelo fato de que seus habitantes eram ignorantes, rudes e supersticiosos? Se algum homem te atingir com a lei e tomar tua roupa, dá-lhe teu manto também. Há qualquer ensinamento, qualquer filosofia, qualquer bom senso nesta ordem? Não seria tão sensível quanto dizer: "Se um homem obtém um processo contra ti de cem dólares, dá a ele duzentos."? Só um louco seguiria este conselho. Não penses que vim trazer a paz para a terra. Não vim para trazer a paz, mas uma espada. Porque eu vim para colocar um homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe. Se isto é verdade, como o mundo seria melhor se ele ficasse fora. É possível que aquele que disse "Não resistas a ofensas", veio trazendo uma espada? aquele que disse "Ama teus inimigos" veio para destruir a paz no mundo? Colocar pai contra filho, e filha contra mãe, que gloriosa missão! Ele trouxe uma espada e ela foi molhada por milhares de anos com sangue de inocentes. Em milhares de corações ele semeou a semente do ódio e vingança. Ele dividiu nações e famílias, apagou a luz da razão, petrificou os corações dos homens. E cada um que tenha abandonado sua casa, seus amigos, suas irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, ou países, em meu nome, receberá cem vezes, e herdará a vida eterna. De acordo com os escritos de Mateus, Cristo, o compadecido, o piedoso, exclamou estas terríveis palavras. Seria possível que Cristo tivesse subornado com a vida eterna de alegrias aqueles que abandonassem seus pais, mães, esposas e filhos? Estaríamos nós para receber a felicidade eterna desertando aqueles que nos amam? Deveríamos arruinar um lar aqui para construir uma mansão lá? E no entanto, é dito que Cristo é um exemplo para o mundo. Teria ele desertado seu pai e mãe? Ele disse, referindo-se à sua mãe: "Mulher, o que tenho a ver contigo?" Os fariseus disseram a Cristo: "É legal pagar tributo a César?" Cristo disse: "Mostra-me a moeda do tributo. Eles trouxeram para ele uma moeda. E eles disseram: É de César. E Cristo disse: Dá a César o que é de César". Será que Cristo pensou que a moeda era de César apenas porque possuía sua imagem estampada sobre ela? Pertenceria a moeda a César ou ao homem que a ganhara? Teria César o direito de requisitá-la só porque nela estava estampada a sua imagem? Não nos parece que por esta conversa que Cristo não entendia a real utilização e natureza do dinheiro? Podemos ainda afirmar que Cristo tenha sido o maior dos filósofos? 





Ele nem sequer insinuou nada sobre ciência. Ele nunca defendeu ou criticou a indústria, economia e fez qualquer esforço para melhorar minha condição neste mundo. Ele era inimigo do bem sucedido e do rico. Dives foi mandado para o inferno, não porque fosse mau, mas porque era rico. Lázaro foi para o céu, não porque fosse bom, mas porque era pobre. Ele nunca se importou com escultura, pintura, música, e nenhuma arte. Nunca disse nada sobre obrigações de nação a nação, nada sobre os direitos do homem; nada sobre liberdade intelectual ou liberdade de expressão. Não disse coisa alguma sobre a santidade do lar; nenhuma palavra sobre a lareira; nenhuma palavra em favor do casamento, em honra da maternidade. Ele nunca casou. Vagava sem lar de lugar em lugar com uns poucos discípulos. Nenhum parecia engajado em qualquer trabalho que fosse útil e pareciam viver de esmolas.
Todas as ligações humanas eram vistas com desprezo; este mundo era sacrificado em favor de um próximo; todos os esforços humanos eram desencorajados. Você ajudaria e protegeria.
Por fim, no crepúsculo da vida, Ele, reconhecendo que se enganara, e chorou pelo seu amparo dizendo: "Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonaste?" Tenho consciência de que o homem depende se si mesmo. Eu devo preparar a terra; devo construir minha casa ; devo arar e plantar; devo inventar; devo trabalhar com as mãos e mente; devo suplantar as dificuldades e obstáculos; devo conquistar e escravizar as forças da natureza de modo que ela faça o trabalho para o mundo. 

Quebrando a barreira da ignorância.



 Convicto tornei-me da natureza universal. Convicto de que todos os deuses e fantasmas são mitos que entraram na minha mente, na minha alma, em cada gota do meu sangue, o senso, o sentimento e a alegria da liberdade. Fugi da prisão quando os muros racharam. Livre agora estou. A luz invadiu as masmorras e a tristeza deu lugar à alegria. Pó foi o que restou às travas, as algemas, as barreiras. Um servo, um servente ou um escravo, nada mais disso sou. Sem mestres estou nesse gigantesco mundo. Nesse espaço infinito onde paira o meu finito ser dimensional desse planeta azul. Estou livre. Penso livremente em um ideal de vida e amor. Rejeitei toda e qualquer crença cruel e ignorante digitado em todos os "livros sagrados" que selvagens ignorantes e estúpidos do passado produziram. Livre de todas as bárbaras lendas do passado, livre de papas e padres, de todos os "chamados" e dos "excluídos", dos erros santificados e das mentiras santas, do medo de sofrimento eterno, dos monstros alados da noite, de diabos, fantasmas e deuses. Pela primeira vez sou livre. Não há lugares proibidos em qualquer recanto da minha mente. Não há lugar que a imaginação não possa atingir com suas asas coloridas. Nenhuma algema me prendendo. Nenhum acoite nas minhas costas. Nenhum fogo na minha carne, nenhum mestre me encarando nem ameaçando, nada mais de seguir os passos dos outros, nenhuma necessidade de me curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Estou livre. Coloco-me de pé e sem medo e alegremente, encaro o mundo. E então, meu coração é preenchido de gratidão, com a paixão por todos aqueles heróis, os pensadores, que deram suas vidas pela liberdade de mãos e cérebros, pela liberdade de trabalho e pensamento, por aqueles que tombaram nos campos cruéis da guerra; aqueles que morreram nas masmorras, acorrentados; aqueles que subiram orgulhosamente os degraus do patíbulo, aqueles acoitados no pelourinho, aqueles cujos ossos foram esmagados, cujas carnes foram feridas e rasgadas; aqueles que foram esquartejados e lançados seus membros nos recantos do país, por aqueles consumidos pelo fogo, por todos os bravos, sábios e bons de todos os países, cujo saber e ações resultaram em liberdade para os filhos dos homens. Não de deuses. Quando me dispus a segurar a tocha que eles acenderam e a ergui no alto, aquela chama pôde ainda iluminar a escuridão. Vou ser verdadeiros para mim mesmo. Verdadeiro para os fatos que conheço e, acima de tudo, preservar a veracidade de minha alma. Se há deuses, não posso ajudá-los. Mas poço ajudar meus semelhantes. Não posso amar o inconcebível, mas poço amar minhas companheiras, filhos e amigos. Poço ser tão honesto quanto ignorante. Se o que há alem do horizonte do desconhecido, na geografia do além for me perguntado, direi que não sei. Eu posso dizer a verdade. A liberdade que os bravos conquistaram, posso gozar. O monstro da superstição posso destruir. A serpente silvante da ignorância e do medo posso destruir. As coisas assustadoras que dilaceram e ferem com bicos e garras, posso afastar de minha mente. Civilizar nosso semelhante posso. Posso preencher a minha e sua vida com ações generosas, com palavras carinhosas, com arte e música e todo o êxtase do amor. Inundar nossos anos com o brilho do sol posso. Posso, com o clima da candura, beber até a última gota do cálice dourado da felicidade. Posso olhar a natureza e entender seus mistérios. Isso posso."