quinta-feira, 20 de outubro de 2011




AS CORRENTES FILOSÓFICAS ATUAIS

1. O Humanismo e as ideias da Renascença Torna-se necessário dá uma breve noção do Humanismo e do Renascimento a fim de entender como nasceram as correntes filosóficas que estão na base do comportamento político e social atual. Dificilmente conseguiremos entender as correntes filosóficas atuais se não as colocamos dentro de sua época histórica. Por isso, antes de falarmos sobre Idealismo, Existencialismo, Positivismo etc... Precisamos dá uma breve noção da época histórica que as ocasionou.
     O Humanismo da Renascença é um fenômeno tipicamente europeu que decorre, mais ou menos, de 1400 a 1590, quase dois séculos, e no qual assistimos a uma espécie de redescoberta dos valores da razão e do sentimento humano. Na literatura os escritores foram buscar o modelo clássico dos gregos, a rima, a métrica, a estética e a forma. Mas não é só beleza que é retratada na poesia, na pintura e na escultura, mas é também a razão humana que se afirma mediante o trabalho e o dinheiro ganho, permitindo que o homem se torne independente do poder do Imperador e do Papa, as duas únicas autoridades até então reconhecidas. Com efeito, o homem da Renascença descobre que com a ajuda da pesquisa, do trabalho e do dinheiro pode alcançar o poder. Este fato condiciona um novo modo de pensar (claro que nem todo homem pensava assim, mas, talvez, somente aqueles que alcançavam o poder, mas a coisa é imposta de cima para baixo) via-se nas novas ciências, no trabalho individual e no dinheiro, uma possibilidade de autoafirmação, subtraindo-se ao julgo material do Imperador e do Papa. Esse novo modo de ver os domínios da Natureza, como algo que pode ser pesquisado e explorado ao máximo, levou o homem da Renascença a concluir que a ciência só pode ser experimental e empírica e, portanto, ela não tem valor metafísico, isto é: ela não leva a conclusões filosóficas nem teológicas. Ela é o que é: experimental, empírica, provisória, imediata. Abre-se assim a porta ao Imanentismo (sistema de pensamento fundado sobre a imanência - que é uma filosofia que sustenta que a causa do universo é intrínseca ao próprio universo. É como se perguntássemos que “Se Deus é causa em si, causa sui, por que não o próprio universo é causa em si mesmo? Essa era uma ideia tão clara na Renascença que perdura até hoje; muito embora a camada popular do povo brasileiro (homem comum), em especial, sob a influencia católica europeia vinda de Portugal que na época da Contra Reforma dos padres jesuítas que foram os primeiro professores e educadores no Brasil, aceitam melhor o Transcendalismo que é mais adequado e, portanto, aceitável pelo cristianismo e, por aderirem ao cristianismo, aceitam o dogma da criação. Essa camada de “homens comuns” são influenciados por intelectuais religiosos, (Sto. Agostino) e não por reflexão. Pois a transcendência coloca a causa do universo em algo que está fora dele. Esse algo fora dele é mais ontológico (filosofia do Ser que pode ser chamado de Deus) Os conceitos de imanência e de transcendência, pois, domina todo o pensamento atual. Procuremos entende-los: na filosofia antiga, que vai dos gregos até, mais ou menos, o começo da filosofia cristã, admitia-se a existência do mundo e de Deus. Como se os dois pudessem coexistir, era explicado mediante um dualismo; afirmava-se que Deus e o mundo eram separados entre si, mas subsistia cada um por conta própria; eram eternos, mas cada um descuidava do outro, pois ambos tinham, por assim dizer, seu caminho a cumprir pela Eternidade. Na filosofia cristã, que em sua forma sistemática começa com S. Agostino (354 – 430 D.C.), admite-se a existência de um Ser Superior e do mundo da seguinte maneira:  Ambos estão totalmente separados, mas o mundo, com todos os seres, havia sido criado mediante a vontade desse Ser Superior - Como esse Ser criou o universo é tema de discursão ainda hoje, porque não se sabe se esse Ser foi o mesmo que criou a matéria a partir do nada ou só modificou uma matéria que o precedia, ou, se tirou de si mesmo órgãos capazes de serem transformados, mas aqui não é literalmente criação, mas transformação da matéria. A discursão não termina quando se questiona também se esse Ser não teria sido criado também ou uma modificação primária – porém, continuando o raciocínio, havia separação total entre a criatura e o Criador, e para evitar qualquer “contaminação” deste com a matéria, forjou-se a palavra Transcendente e dizia-se que Deus transcende a totalidade do mundo do criado, isto é, Deus está totalmente fora da matéria e das células dos seres, embora fosse a causa de sua existência. O seja, tivesse ele criado o mundo, mas sem fazer parte dele, como um pintor que pinta seu quadro, mas não é possível está nele. Esse pensamento elimina a onipotência de Deus Podemos dizer que não existe o mal, por exemplo, mas não podemos dizer que não temos medo do mal. Ter medo de uma coisa que não existe é fobia psicológica? Na filosofia atual, condicionada pela ciência experimental, manipulação, que estuda com exclusividade o fenômeno material, o Deus que a filosofia medieval havia colocado fora do mundo é deixado de lado e descuidado com a justificativa de que, se existe, não pode ser objeto de pesquisa, ou, como alguns cientistas dizem, “não se pode colocar Deus debaixo do microscópio ou do telescópio”; já aceita pelos teólogos atuais que para se esquivar da pergunta diz: “não se pode provar a existência de Deus em um laboratório”. E aquilo que a gente sente, emocionalmente, subjetivo, de Deus, pertence mais ao campo da psicologia do que da ciência e da filosofia. Embora a psicologia seja uma ciência humana. Então. Formou-se, assim, uma mentalidade imanetista que podemos traduzir assim: Deus está no mundo; na matéria; este mundo é Deus; ou ainda: eu sou Deus, não há outro Deus lá em cima ou aqui em baixo. Nisto se resume quer no pensamento: idealista, positivista, materialista ou o existencialista no mundo atual. 2. Os antecedentes históricos das correntes filosóficas atual Com certeza as causas desse espirito filosófico imanetista são, historicamente, complexas. Contudo, para fixarmos uma data com antecedente histórico, podemos dizer que elas começam com Leonardo da Vinci (1452 – 1519). Do ponto de vista filosófico, ele pode interessar-nos pelo fato de questionar a autoridade religiosa e civil no campo científico. Com efeito, ele reconhecia uma única autoridade: a pesquisa. Como era protegido por Francisco I, da França, ele levou a pesquisa em todos os campos, proclamando que “a pesquisa nunca nos engana”. Da Vinci não fundou nenhuma escola, mas iniciou e influenciou um comportamento. Atualmente, o romancista Dan Brown usou as obras de Da Vinci, em especial a Ultima Ceia, como fonte de pesquisa no seu livro O Código Da Vinci. O livro se tornou o maior Best-seller de todos os tempos. Acima de qualquer autoridade religiosa ou civil, acima mesmo da Sagrada Escritura, existe a pesquisa objetiva: a única que nos dá o conhecimento libertador. Era um incentivo muito sublime para procurar respostas verdadeiras na natureza mediante a pesquisa. Quem conhece a intelectualidade de Leonardo da Vince, dispensa comentários. Podemos citar alguns nomes, cronologicamente, mas com risco de fazer injustiça, de ilustres pensadores e pesquisadores que recolheram e desenvolveram as ideias de Da Vinci: Tomaso Campanella (1568 – 1639), Bernardino Telésio (1509 – 1588), Giordano Bruno (1568 – 1600), Galileu Galilei, René Descartes e outros. Galileu Galilei procurava provar que Copérnico estava correto ao dizer que o Sol é fixo e não a terra que é fixa. Obviamente olhando não só o céu, mas as correntes marinhas que faz as aguas balançarem como se estivesse dentro de uma banheira e que de um lado para outro quando suspendida pelos lados faz as águas movimentarem. Ficando mais evidente nas porocas dos rios ou maré que faz o rio ter o percurso da água ao contrario porque a agua desce para o mar durante algumas horas, mas ela retorna subindo o rio. Mas isso não era legal, pois seria prepotente e arrogante e por demais subversivos admitir uma verdade em discordância com a Sagrada Escritura que é cosmologicamente aristotélica, pois Josué teria dito aos israelitas: “Sol, detém-te sobre Gabaon, e tu, ó Lua, sobre o vale de Ajalon. E o Sol parou no meio do céu e não se apressou a pôr-se pelo espaço de quase um dia inteiro” (Js 10, 12 – 13). Quanto à Lua, o escritor Sagrado acertou em seu estado, mas o erro foi comparar o Sol com o deslocamento lunar. Como esse texto era usado para sustentar a “verdade”, posto que estivesse escrito em um dos livros das Escrituras Sagradas, não havia necessidade de questiona-la, mas Galileu acabava de uma vez por todas o mito sagrado da autoridade, até então fonte de todo conhecimento e saber oficial. Essa descoberta abalou muita gente e o próprio Descartes foi o filosofo que mais se angustiou com isso. Como Galileu tinha rompido com a ingerência da autoridade religiosa no campo da pesquisa objetiva, a maioria dos filósofos passou a pensar e filosofar a partir de dados alcançados por descartes que já havia formulado um método científico influenciado por Galileu. Dai podemos dividir as correntes filosóficas em duas sucessivamente: • As que dão continuação à reflexão sobre dados da “substancia pensante” representado por: Kant, Hegel, Spinoza, Leibniz etc. • E os idealistas que dão continuação à reflexão sobre os dados da “Substancia Extensa”: dessa corrente fizeram parte todos os materialistas, positivistas e neopositivistas. Então a coisa ficou assim na forma de pensar antes e depois de Descartes:  Antes: objetivismo e transcendência.  Depois, subjetivismo e imanência. Pitágoras apresentou-nos o “mundo inteligível” em oposição ao mundo sensível. Platão entendia que as ideias são reais enquanto elas forem princípios exemplares e originais da realidade. Uma espécie de cópia autenticada a partir do original. Depois de Kant o sentido de idealismo foge um pouco do sentido anterior porque ver que a realidade objetiva é só ideia. Essa ideia só existe quando ela representa aquilo que pensa. Ou seja, o sujeito pensante. De maneira que a realidade não existe por si mesma sem que tenha um sujeito pensante e compreensivo, mas existe por força desse ato. Assim o idealismo está todo colocado no “individuo pensante”, no “eu” ou “consciência”. Para Fichte, a concepção do mundo, da natureza e dos seres é uma criação inconsciente do “eu puro”. Entre as muitas realidades, o Estado é a suprema realização do eu Puro; portanto, acima do Estado não existe nada – nem Deus. Porque Deus, para Fichte, é a ordem real do mundo subjetivo. Podemos chamar o idealismo de Fichte como “idealismo subjetivo” Para Kant, o idealismo não é absoluto, completo; com efeito, ele admite a existência de uma realidade em si a qual o espirito humano impõe suas formas. Já com Hegel, como veremos, temos o idealismo absoluto. Então isso significa que nada existe senão pelo espirito e no espirito e também que tudo é sustentado por um Espirito Absoluto, isto é, primeira e universal origem de tudo aquilo que existe e existirá. Confrontando com esse Espirito Absoluto, nosso espirito só pode ser emanação ou participação. Pode-se dizer que o idealismo absoluto representa a mediação para uma filosofia do espiritualismo; estamos novamente na direção do platonismo que havia estabelecido uma identidade entre Ideia como inteligível e a Inteligência como tal. A máxima de Hegel: “se a essência da realidade é razão, então razão é a realidade”. Ou seja, “se o real é racional, então o racional é real”. Embora Hegel dê prioridade para a ideia com relação ao real, entende que a ideia é cheia de conteúdo: é a ideia do real. Ele entende que a mais importante de todas as categorias é a de relação pelo fato de que tudo é relação; e o contraste ou contradição é a mais universal das relações. Assim ele conceitua a realidade objetiva que o intelecto conhece é estático, mas, mesmo que fosse não podemos negar que a razão é dinâmica, evolutiva e produtora em resposta a voz interior que vem desses sentidos e intelectos estáticos de Hegel. Mas Hegel procura corrigir-se no Devir. Pois o mundo real é essencialmente um mundo potencial. Isso que dizer que ele está sempre em mudança, e, portanto um mundo aberto para o infinito, pois não há limites para a potencialidade. Enquanto Kant ver o agora limitado, para Hegel, o agora absoluto é infinito. Portanto, para Hegel, a Ideia, que pelo fato de ser potente e evolutiva, é infinito. O espirito forma uma espécie de trindade semelhante ao do cristianismo porque a pessoa humana é o espírito subjetivo; a sociedade é o espirito objetivo; e a Ideia Universal advinda do individuo e da sociedade é o Espirito Absoluto. Assim, nessa pirâmide existencial é hierárquica porque que tem menos valor é o individuo que tem a sociedade logo acima dele, mas a sociedade está abaixo do Estado absoluto. Hegel proclama o Estado como supremo representante visível do Deus invisível. Nessa estrutura de valores em forma de pirâmides, democracia não tem sentido; é, segundo Hegel, “quantidade sem qualidade”, pois que confere dignidade, unidade e valor à massa do povo é “o governo que se identifica com o Estado”. Para tanto o Estado deve exercer autoridade absoluta. A Ideia Absoluta se realiza plenamente no absolutismo de estado, cuja grandeza realiza a grandeza do povo. O ditador é a figura mais perfeita do absolutismo de Estado. Pense o leitor em todos os ditadores surgido no decorrer da Historia, de direita ou de esquerda, espiritualistas, positivistas ou materialistas: todos eles se apresentaram ao povo como encarnação do Espirito Absoluto e tiveram como base a filosofia místico-idealista de Hegel. Hitler é, com certeza, a mais perfeita realização do Espirito objetivo que fascinou o Espirito subjetivo do povo alemão, que chegou a considera-lo arauto do Espirito Absoluto. Hitler nunca provou o que afirmava; mas acreditavam no que ele dizia. Ele fundamentou toda a sua atividade politica na filosofia mística-idealista de Hegel, cujas ideias ainda permeiam vivas entre o povo alemão. Por isso podemos afirmar que o nazismo não começou com Hitler e não acabou com ele. No processo dialético de Hegel, os indivíduos, um por um, e as coisas, uma por uma, são realização caduca, finita, passageira de uma Ideia que é Absoluta e Eterna. Amanhã essa Ideia, em sua evolução, realizará indivíduos melhores, coisas melhores. Assim fica claro que, na ordem lógica, em primeiro lugar temos a Ideia; em segundo lugar, e somente depois, temos a sua realização transitória e caduca, mas, evidentemente, cada vez mais aperfeiçoada, pois está no em continuo vir – a – ser. Na ordem ontológica, porém, o Infinito, o Absoluto, enfim, a Ideia, como única e exclusiva realidade das coisas, não existe para além do infinito, do criado, mas supera-o em si própria: é o processo dialético da Ideia, ou se preferimos do Deus de Hegel, longínqua lembrança do “panta rei” de Heráclito: o Ser está sempre em evolução. A visão de uma procissão que se arrasta pela rua de uma cidade carregando um santo no andor é um exemplo. Na filosofia de Hegel, quem está no andor é a Ideia de Humanidade (quanto grupo social); quem carrega essa Ideia para frente são os indivíduos reais, é a Humanidade viva cuja existência real, mas evolutiva, permite à Ideia de Humanidade avançar pelo infinito. Os homens passam; a Ideia fica e evolui por um processo dialético. E se, por acaso, nesse interminável vir- a - ser, nessa estranha procissão, os homens resolvessem não mais colaborar? Se por uma hipótese absurda os homens preferissem a morte que seguir carregando essa Ideia de Humanidade? Então Hegel, em sua antropologia filosófica, faz exigência de um governo forte, verdadeira realização do Absoluto, que não aceita desculpas. Resumindo: o que é idealismo? É uma doutrina filosófica que afirma que somente podemos conhecer com certeza nossas ideias, ou seja, o mundo interior de nossa consciência, o mundo da subjetividade.