sexta-feira, 18 de novembro de 2011


O vagabundo
     Começar um romance com um chavão ou lugar comum "E foram felizes para sempre", sempre colocado no final dos contos, não é só uma forma de fugi do convencionalismo, mas, também, porque não tem um acerto maior do que o instinto popular.  E dizer: "tudo que se diz já foi dito,” Não é tão diferente do que dizer: não há caminho que se ande que alguém não tenha andado. Em um romance convencional sempre existe no mínimo um casal de enomarados, um mocinho e um vilão. Falar de macho e fêmea, além das suas funções biológicas, que apesar de todas as possíveis vicissitudes, não há mais nada que se possa dizer que não se tenha dito ou pensado. O "Amor" de Romeu e Julieta pôs termo ao tema. Romance sem morte, sem casamento não é um fim lógico para um romance consagrado. E esse não tem. Mas espere! Eu não quero deixar você, meu leitor, no blecaute. Este alfarrábio consiste em falar de um homem em que tive e tenho contato, embora um pouco menos do que antes. Na maior parte do tempo não estamos juntos, como fazíamos quando crianças e adolescentes. Estudamos na mesma escola e nas mesmas turmas. Jogamos-nos mesmos times e ás vezes estávamos em lados opostos. Não sei o que aconteceu, com ele, quando eu não estava presente. Ele não é muito de contar suas histórias para qualquer um. Eu sou uma das suas exceções. Mas acredito que posso recorrer à imaginação para preencher, assim penso, as lacunas e tornar essa narrativa mais coerente. No entanto, prefiro contar os fatos como eles se sucederam. E, quem sabe, ter a imparcialidade de um historiador que, compromissado com o acontecimento do fato, não deixa, em seu relato, qualquer margem a uma palavra de opinião. Portanto, relatar os fatos como realmente aconteceram é minha pretensão. Quando alguém não tem nada para fazer, ou sofre de ergofobia, tende a ser escritor. Por que escrever um livro com o título de O vagabMundo? Há poucos meses escrevi um romance com o título de O Santo-de-Pau-Oco. Um título satírico e irônico, mas não tão quanto esdrúxulo. Mas a estranheza e anomalia no título se refletem também na estrutura do romance que não passou despercebido pelos poucos leitores. Fugi quase que completamente de um romance clássico. Nele destaquei um personagem e, valendo-me do privilégio que exercem os romancistas, deixei fluir a imaginação para ilustrar o tipo que eu criara. Visto os escassos fatos que eu conhecia do personagem real quando não estávamos juntos. Muito contundente. Ele me fez ver que temos muitos em comum. Sou triturador. Destruir, confundir, mentir é coisa que me faz divertir. Como riu daquele instante que ela me dizia. “hoje preciso de você com qualquer humor com qualquer sorriso.” Então logo: “maldito tempo que se acaba quando estou contigo.”... “eu preciso de você hoje, não amanhã” Nesse romance preciso ser semelhante. Mesmo sem querer inventar coisa alguma, mas só quando necessário, para melhor entendimento, preciso valer-me da imaginação. Coisas que fazemos, mesmo que não escrevemos. Pois não há possibilidade de registrar o passado em cada instante. O instante é o presente maior que o tempo nos oferece como uma infinitude eterna. O instante,este não existe mais, pois se apagou. La naquele bar, bebendo uma brhama na beira do meu rio ouvindo a voz de Evandro  Mesquita sinto-me a dois passos do paraíso. Bey bay! aquele livro que acabei de ler, bey bey. a hora que fiquei nervoso, bey bey. Aquele meu olhar malicioso, bey bey.    Também não poderia fazer de outra forma para não constrangi e nem ofender ninguém - Mas eu até sinto prazer em ofender alguém - Inclusive você - E, sendo assim, dei aos personagens nomes fictícios sem deixar de procurar outros meios de evitar o reconhecimento. Todavia, o homem sobre quem escrevo só não passa despercebida quando indagado e ouvido. Receio que nenhum vestígio desse homem possa ser deixado com sua passagem pela vida. Este livro, sendo lido, não passa de uma pedra jogada no rio e o vestígio que ela deixa na superfície da água. Mas seu caráter, sua eloqüência e exemplo de vida para aqueles que o conhecem não pode deixar de exercer influência. Talvez seja, como muitos outros, que somente depois de sua morte se compreenderá que nessa época viveu um ser extraordinário. O tempo dirá.  O tempo é detentor da verdade. E mostrará a si mesmo a transparência da realidade que foge ao mais sofisticado e evoluído sentido. Foge a mais pura percepção alcançada até agora. O homem vai levar muito e muitos tempos para entender o tempo. Aceitar o tempo é como  aceitar a vida na sua total plenitude. A vida só reclama por isso. É lá que dormimos nossos sonhos. É sempre o tempo que queremos ressuscitar. Aquele meu parente morto vem me incomodar. É só um sentimento ilhado.  Pois em sua memória Ele não apaga a própria.  Então, fica entendido que este livro é uma fonte de informação sobre esse extraordinário homem. Era o mínimo que eu poderia fazer para meu amigo. E a força maior que me impulsiona a escrever esse romance é um puro desejo de escrever unicamente aos meus conterrâneos de minha cidade de Santa Luzia do Paruá. Dar um tempinho do meu tempo a Santa de minha vida. Não quero fama, isso já sou. não quero sucesso, sou bem sucedido, não quero riqueza, sou muitíssimo rico. não quero progresso quero a santa na minha ida. Só quero conversar com meus amigos. Não quero estátua e nem troféu. Mas por favor! Que ninguém use véu! Pois saibam que meu mundo é um bordel. Não quero o Céu sem antes conhecer o Inferno. Quis o acaso que eu convivesse com uma Santa que não enxerga com os olhos. Mas estende na palma de sua mão todo o conhecimento a ser visto com a leitura simples de um gesto. Que carrega o verde da esperança. É como diz a musica que toca. É um amor maior que eu. Mas é preciso amar direito.  É para vocês, meus ilustres habitantes desse pedaço de nave espacial - que gira e revira para mostrar um mundo racionalmente infinito – quem dera Ela fazer melhor e fugisse de sua órbita e nos mostrasse o que há alem do infinito – que escrevo esse romance. Fique claro, também, que as conversas não foram literalmente registradas. Não tomei nota de nada. O que tenho são lembranças de uma boa memória. Uma boa memória só é possível quando algo nos chama atenção. Mesmo sendo minhas palavras, reproduzirei fielmente o que lembro. Mesmo não sendo uma história inventada, não posso deixar a tomar a liberdade de colocar nos lábios de meus personagens palavras e gestos que eu, por não está presente, repito, não poderia ter ouvido e visto. E assim, pelo mesmo motivo, criei um cenário semelhante ao real. Porque nos mesmos lugares, poderiam facilmente ser identificados tais personagens, mas sem deixar de dá vida e verossimilhança as cenas que, sem tais recursos, seriam insalubres e incolores. Tal recurso, obviamente, deixa a narrativa mais prazerosa e interessante. E finalmente, por querer ser lido, acredito está no meu direito de valer-me de tais recursos. Assim sendo, serei um narrador onipresente e onisciente. É como já disse: fugi do romance clássico. Mas não é minha pretensão fundar uma escola literária. Só penso que um artista deve nascer sem regras e usar seu próprio modelo espontaneamente. Mas nem precisava tanto me explicar, pois o leitor, inteligente, familiarizado com leituras, sem dificuldade perceberá que me vali de tais recursos. Em resumo, você já entendeu que tudo pode ser invenção, uma recriação, uma adapatição. Seja que nome for, consideramos que é um fator. Enganei-te? Não! Tudo é verdade?  Esse personagem, cujo nome é Onório, é do tipo que deixa qualquer mulher apaixonada. Romântico e sedutor anda pelos corredores do sexo oposto. Seja numa mesa de bar ou numa praça, Ele passa despercebidos pelos homens, mas as mulheres os observam. Em uma tarde de outubro, bebendo uma cerveja, em praça publica, o céu rubro, estava a meditar. Relembrando, sem querer, um conto de amor. Algumas mulheres o observavam. Uma delas pensava: “fica mais um pouquinho!” quando ele se levantou para ir embora. E dizia uma: “você quebrou meu coração”. Outra dizia: “se ele escutasse meu coração!” outra mais pensava! “eu posso perceber que você anda sempre chorando. “Deus te abençoe” “muita felicidades” ...”Queria ser seu ombro amigo.” Outra: “você vai ficar sempre na minha mente. Se pelo menos me escutasse!” Mas ele saía sem disso sequer dar-se conta. Parte para sua casa. Difícil é penetrar na sua mente em cada instante. Por vezes parecia alheio a tudo, mas sem vacilar caminha e, quando é cumprimentado, cumprimenta as pessoas. Seu gosto diverso dificulta qualquer possibilidade de uma previsão. Seu celular toca e ele atende. Diz: “Obrigado! Foi um prazer!” Ou termina com um sorriso. Caminha e observa o céu já escuro, que apesar da incandescência artificial, observa o natural. La longe, uma estrela. Seu brilho o chama a ela se juntar. "somos da mesma matéria" diria a estrela para que ele não tirasse lhes os olhos. Ele responde: "eu sou. não posso ser o que não sou”. Mas ela responde: “Você pode vir a ser o que sempre foi." Ele tira o olhar. Um cachorro corre em sua direção latindo. Ele então ouriça os pelos do corpo que o faz parecer um macaco evoluído. Da uma olhada para o cachorro e diz: “calma parceiro!” um amigo passa e pergunta: “O que é o homem? Ele responde: ”É razoável que tenhamos fé na Razão.” O amigo, enquanto medita, ele segue seu caminho. Em casa, uma mulher lhe pergunta:
- Isso são horas!?
- O que é hora? – Pega uma toalha, banha e vai deitar.
"Quero tocar seu rosto, ter você só meu. Para mim uma noite com você será sempre sem fim. E se o fim existe, quero ser sua existência." Lia em seu celular uma mensagem. "Eu não posso viver sem amar sem senti?" respondia. "Dou-te a minha vida como prova de amor, mas só não me faz sofrer e não me diga que esse sonho um dia acabou. Deixa pelo menos eu ter esse sonho lindo com você!" - Recebia o retorno da mensagem. Então ele se vira no travesseiro, e novamente consegue dormir. Então sonha. Conecta-se ao um mundo virtual tão real quanto o da vigília. Caminha em direção ao rio com um anzol na mão. Tudo é muito real. Após pegar alguns peixes sentou-se no tronco de uma árvore. Lembrou de dona Francisca. Rezadeira profética que sempre consultava. Havia deixado de visitá-la.  “você é o escolhido”. Aquela frase não saía da lembrança. “vi essa frase no filme Matrix. Lembro muito bem quando o Senhor dos sonhos, Ópio, pronunciou essa frase a um jovem rapaz de nome Novo. – ficou pensando um pouco. Pegou ao lado uma folha e começou a mastigar. “deixa ver se entendi” pensou um pouco. “Ópio é pai de Morfina e Morpheu e, este último o sucedeu; tendo assim por herança o dom do pai por hereditariedade” - lembrava. Olhou o céu iluminado. Poucas nuvens faziam no céu um rebanho de ovelhas. Pensou que Jesus cristo pudesse descer naquelas nuvens que aos poucos iam cobrindo a estrela maior, infinita. Estava com trinta e cincos anos. Seus cabelos lisos compridos, com alguns fios aproximando dos olhos castanhos, começavam a esmaecer como aquelas nuvens. Era alto e magro. O rosto rosado fazia dos olhos castanhos uma piscina. Aquela calmaria fez lembrar-se do movimento da cidade. Pessoas vão e voltam. Cada um, um universo. Fora chamado de louco. Uma lagartixa cava sua morada. Um bem-te-vi gorjeia em uma cerca de arame farpado. A vida mostra seu segredo em um rebanho de gado. Um touro fecunda uma vaca, outra da cria no mesmo instante. Lembrou de Sofia. Como a conheceu naquele lugar. A pergunta lhes feita que o fez calar-se. O sono anestesiou-o. Cansaço. Dormiu. Sonhou que sonhava. E novamente, via a realidade nua e crua. Sonhou. Sonhou que uma bela mulher lhe passava as mãos nos cabelos. Fazia-lhe cafuné. Ela colocou as duas mãos em sua face. Aproximou sua boca na dele com suavidade e refrescância. Abriu os olhos, olhou em volta. Caminhava no espaço. A mulher caminhava a seu lado no vazio do espaço. Descrever-la não me é possível. Não consigo ver-la com nitidez. É como se ela fosse uma pintura da pura surrealidade.  Via-se todo o universo na sua infinitude.
Deixo aqui: - o sonho que eu chamo-o de ultra-sonhos. Se é que eu posso criar um neologismo capaz de definir uma subida ao terceiro sonho – para da voz aos personagens sonhadores.  
ULTRASSONHO

Onório

Um anjo! Um demônio! Estou sonhando?”O homem é imortal?" Então Deus existe?

O Ser

"– Descubra por si mesmo! - Diz uma voz rouca e sonora - Mesmo que diga que nem a esperança, nem o medo, crença, negação, podem mudar os fatos. Que diga que as coisas são como são, e serão como deverão ser, digo que é preciso que tenha esperança. A esperança é tão essencial para vida como o ar e a água. É preciso esperança para vencer. A esperança é gerada quando se tem propósitos.”
   Onório de pronto respondeu puxado um revolver e apontando para onde vinha a voz pois já não via mais ninguém. Enquanto falava as imagens iam passando como em uma tela gigante de cinema a sua frente em slide. Como em um sonho ultra-surreal, Ele estava também dentro das imagens que passavam, mas como um observador. Nada podia fazer para mudar os fatos, mas tinha desejo. Explico: é como se alguém dormiu e sonhou, mas nesse sonho ele dorme e tem um sonho dentro do seu real sonho. Nesse sonho ultra-surreal ele ver a vida humana sendo passada de acordo com o fato que citava. A resposta de Onório foi um discurso surpreendente, pois era dono de uma força de expressão admirável. No mais era sempre contundente e quase nada que o homem criou, até agora, ele não tritura. Devo alertá-lo, meu caro leitor, que Onório, às vezes, é rebelde. E você é livre para parar de continuar a leitura agora. Você fica como estar. Mas se continuar, saiba que não vai ter mais como voltar. Você tem que escolher. Eu mostro a entrada do labirinto e digo que a rosa-de–vento é a saída, mas você é quem deve entrar e sair. Mas se já está aqui, é porque vai prosseguir. Algo sobre Onório? Claro!
   Deus da pura beleza não me deixe sem digitais, sem alento e destreza por usar a língua portuguesa, em míseros panfletos e jornais.
Hó, deus que ao sino badalo, não deixe escorrer pelo ralo o fruto de meu trabralho, pois tudo esculaxo, enchir minha mão de calo, mas ainda devo a esculápio um galo.
   Ateísta era rotulado Onório constantemente. Um rótulo que na verdade não se encaixa naquilo em que hoje ele pensa e acredita embora tenha sido uma fase pela qual ele passou e que foi bastante interessante ainda que nem sempre agradável devido aos inúmeros preconceitos. A trajetória até ele alcançar a conscientização de ateísmo não foi uma viagem corriqueira e sim uma longa jornada com a duração de quase uma vida. Ateísmo é apenas um rótulo teísta. As impressões gravadas durante uma infância, e principalmente na adolescência, submetidas a uma rigorosa disciplina católica nunca poderiam ser deletadas com um só comando.  Essa referencia que faço é que, freqüentemente, demonstra como uma pessoa religiosa enxerga o ateísmo. “Este tipo de lamentação pretende associar a moral com a crença em um Deus, como se ao longo de mais de cinco mil anos a civilização humana não tivesse presenciado tantas imoralidades em nome de Deus”. E Onório sabia disso. Mas o pior é que o ateísmo pode vir a ser uma religião. Então tudo será como sempre foi. Mera opinião que compartilho em quase tudo. Sendo assim ele fala sem nada temer:





Onório




- Para que esperança? Esperança é uma ilusão. Convicto tornei-me da natureza universal. Convicto de que todos os deuses e fantasmas são mitos que entraram na minha mente, na minha alma, em cada gota do meu sangue, o senso, o sentimento e a alegria da liberdade. Fugi da prisão quando os muros racharam. Livre agora estou. A luz invadiu as masmorras e a tristeza deu lugar à alegria. Pó foi o que restou às travas, as algemas, as barreiras. Um servo, um servente ou um escravo, nada mais disso sou. Sem mestres estou nesse gigantesco mundo. Nesse espaço infinito. Estou livre. Penso livremente em um ideal de vida e amor. Rejeitei toda e qualquer crença cruel e ignorante digitado em todos os "livros sagrados" que selvagens ignorantes e estúpidos do passado produziram. Livre de todas as bárbaras lendas do passado, livre de papas e padres, de todos os "chamados" e dos "excluídos", dos erros santificados e das mentiras santas, do medo de sofrimento eterno, dos monstros alados da noite, de diabos, fantasmas e deuses. Pela primeira vez sou livre. Não há lugares proibidos em qualquer recanto da minha mente. Não há lugar que a imaginação não possa atingir com suas asas coloridas. Nenhuma algema me prendendo. Nenhum acoite nas minhas costas. Nenhum fogo na minha carne, nenhum mestre me encarando nem ameaçando, nada mais de seguir os passos dos outros, nenhuma necessidade de me curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Estou livre. Coloco-me de pé e sem medo e alegremente, encaro o mundo. E então, meu coração é preenchido de gratidão, com a paixão por todos aqueles heróis, os pensadores, que deram suas vidas pela liberdade de mãos e cérebros, pela liberdade de trabalho e pensamento, por aqueles que tombaram nos campos cruéis da guerra; aqueles que morreram nas masmorras, acorrentados; aqueles que subiram orgulhosamente os degraus do patíbulo, aqueles acoitados no pelourinho, aqueles cujos ossos foram esmagados, cujas carnes foram feridas e rasgadas; aqueles que foram esquartejados e lançados seus membros nos recantos do país, por aqueles consumidos pelo fogo, por todos os bravos, sábios e bons de todos os países, cujo saber e ações resultaram em liberdade para os filhos dos homens. Não de deuses. Quando me dispus a segurar a tocha que eles acenderam e a ergui no alto, aquela chama pôde ainda iluminar a escuridão. Vou ser verdadeiros para mim mesmo. Verdadeiro para os fatos que conheço e, acima de tudo, preservar a veracidade de minha alma. Se há deuses, não posso ajudá-los. Mas poço ajudar meus semelhantes. Não posso amar o inconcebível, mas poço amar minhas companheiras, filhos e amigos. Poço ser tão honesto quanto ignorante. Se o que há alem do horizonte do desconhecido for me perguntado, direi que não sei. Eu posso dizer a verdade. A liberdade que os bravos conquistaram, posso gozar. O monstro da superstição posso destruir. A serpente silvante da ignorância e do medo posso destruir. As coisas assustadoras que dilaceram e ferem com bicos e garras, posso afastar de minha mente. Civilizar nosso semelhante posso. Posso preencher a minha e sua vida com ações generosas, com palavras carinhosas, com arte e música e todo o êxtase do amor. Inundar nossos anos com o brilho do sol posso. Posso, com o clima da candura, beber até a última gota do cálice dourado da felicidade. Posso olhar a natureza e entender seus mistérios. Isso posso." – Quando terminou de falar percebeu que nada via mas não era noite nem o dia, era invisibilidade. Já havia passado por uma situação dessas em que teve pavor de abrir os olhos e temer não por ver a mais assombrosa imagem, mas por nada ver.   Botou a arma no ombro e caminhou naturalmente no espaço branco que aos pouco ia de decompondo e dando formas diversas em diversas cores. Olhou um prédio com um corredor com varias portas. Foi até o meio do corredor sem saber que porta entrar. Parou olhou para trás, olhou para a porta a sua frente e entrou. A porta desapaceu a sua costa. Ao longe viu um casal de velhos colhendo arroz. Aproximou-se. O casal olharam o por um instante, mas voltaram a colher arroz.
- Bom dia! -  Saudou Onorio.
- Bom diaaa! - Responderam em uníssono. Ele continuou andando sobre o olhar do casal. Uma fonte de igarapé com alguma manchas de capa rosa e algumas palhas de arroz. Fez uma onda para afastá-lo e bebeu filtrando a água com a camisa. Molhou toda camisa e vestiu. O sol do meio dia cortava o equador. Sentiu fome. Com um tiro certeiro derrubou uma curica do bando. Pegou umas palhas de milho e com um isqueiro fez um fogo e assou e comeu o pássaro na sobra quase que própria de uma arvore morta pelo fogo. Andou até uma cidade. Entrou em um supermercado. Pegou um cerveja, pagou e saiu. Avistou o prédio de novo. Foi em sua direção. Entrou logo na primeira porta a esquerda. A porta sumiu novamente. Era o show do RPM. Sabia que toda porta ia da em algum lugar. Gostava de brincar com Alice seguindo o coelho. Leu Coraline de Neil Gaiman. Pois sabia que não a porta que não da a lugar algum. Uma mulher lhe chama. Da uma olhada e segue-a. ela o leva a seu apartamento. Toc... toc ... ele abre a porta, um homem o empurra e começa discutir com a mulher. Ele sai, enxerga o prédio. Entrou na primeira da direita. Estava em um culto de oração protestante do cristianismo. O  pastor convida há todos os presentes para ouvir a palavra de um senhor que era dono de suas vidas. Pois ele era muito bom por lhes ter lhe dado a vida, mas na verdade cobra a como se fosse um dívida. Tudo que queria é que o adorasse dobrando o joelho. Onório pensou em ficar e combater esse senhor tão injusto. Mas viu que muitos não sabia mais viver sem isso. E libertá-los seria a sua morte. Poucos se adapitaria a uma nova realidade. Então o Senhor já os dominava de forma tal que a liberdade é sinônimo de ...  quem permanecesse ali veria um morto que ressucitou vindo buca-los para um lugar melhor do que aquele. Pensou que pudesse ficar e ver o truque e desmascara o charlatão. Acabar com essa brincadeira engando pessoas por eles criadas robóticamente. Estendeu a mão e o prédio apareceu. Entrou em outra porta. Era o inferno. Viu Martim Lutero e Martim luter King sendo queimado na fogueira por heresia e promover o anarquismo. Viu um ladrão dando esmola a um cego. Viu um cego guiando um cachorro. Havia um movimento. A lugar estava um auvorosso. Estavam crussificando o Deus por mal administração.  Não tinha fogo para todos. Faltava espeto para a carne do churrasco. Estendeu a mão. Entrou em outra porta. Era o céu, o diabo balançando em uma rede. Sozinho, mas com uma diabinha lhe cariciando. Tinha levado um pouco do fogo infernal. O cheiro do churrasco atraiu a atenção dos amigos que aos poucos vinham se aproximando. Fazia, após um gole, brindava com Maquiavel a invenção de Baco. O químico da saúde. Apolo afiava seu acorde. E para animar o amor maldito, cantava. Rosana: “como uma deusa você me mantem e as coisas que você me diz me leva alem” . e dividam o amor e o poder. Formavam um belo casal. Heitor presenteava Aquiles com um alazão. Dante escrevia uma comédia. Paulo de Tarso pregava o absurdo. O Corvo ensinava  seus filhos a escrever a melhor poesia. Foi lhe concedido uma ilha onde a prodiga terra, nesse paraíso, tudo produzia. onde poderia viver sem trabalhar com era de seu desejo. O seu trono não era mais ameaçado por sua prole. Era amigo do corvo. Uma amizade eternizada que dali não sai jamais. – estendeu a mão e entrou em outra porta.  Viu com uma distribuição equânime da igualdade, mas como a necessidade de que cada um reconheça o seu lugar na sociedade segundo a natureza das coisas e não tente ocupar o espaço que pertence a outrem.
Neste lugar,  não é justo dar a cada um o que lhe é devido, não é justo dar ao amigo o que não lhe é adequado e prejudicar inimigos, não é justo, também, salientar, apenas o interesse do mais forte.
a justiça é boa, por causa dos efeitos que ela faz surtir na alma. Pelo fato do homem não ser auto-suficiente, ele precisa manter uma relação de reciprocidade e, no caso do Estado justo, ao ser humano impõe-se a plena responsabilidade pela justiça, onde os homens justos vivem em confiança recíproca e eles são reciprocamente dependentes. Agindo desta forma, não há oposição entre indivíduos e Estado, eles se completam e devem auxílio mútuo, onde tudo gravita em torno da justiça. Por causa da sua tarefa ordenadora, ela é a virtude cardeal. Ela responde pela ordem social e da alma. Desta forma, A justiça como uma virtude cardeal, diz respeito à própria vida da alma.
Nestas circunstâncias, A Repúblicaé uma teoria racional do Estado. Assim, Platão quer conhecer e formar o Estado perfeito para poder conhecer e formar o homem perfeito. A  justiça é boa, por causa dos efeitos que ela faz surtir na alma.
O dialogo aqui  é alternado e que toma a palavra é o Ser.
- você sabe quem sou?
- Não.
- Sou Deus.
- O que é Deus?
- Você quer saber quem sou eu? Eu estou em toda parte. Você não conhece a verdade. O mundo que você acredita ser real é uma ilusão. Isso é dado para não perceber a verdade.
- Que verdade?
- Você é um escravo, por Platão! És como todos. Vive no mundo da caverna. Você não ver nada além dessa caverna. Esse é o seu mundo. Você não consegue usar seus sentidos. Sua mente está presa.
- Essa é a verdade?
- Nada do que você ver é verdade. A matéria não existe com suas formas. É sua mente que dá forma. Eu tenho um inimigo que controla sua mente levando ao um niilismo e você fica sem saber quem é o criador e a criatura. É preciso que tenha fé.
- Se fé pudesse tornar algo imaginário em realidade, eu viveria o melhor mundo possível. Dizem que criaste tudo. Que Jacó não-o temeu. Que tudo fez e tudo pode. Inclusive destruir essa criação sua e fazer uma melhor ou mais pior, ou, até mesmo, fazer um igual. Isso realmente é uma coisa impossível.  O mundo e tudo que nele existe foi criado por você, a racionalidade humana é obra sua, que reúne essência e existência, detendo toda a sabedoria, criando tudo a sua imagem e semelhança, portanto tudo que foi criado por você é belo, como explica bem o livro que você mandou escrever.Guerras? Fome? Violência? Discriminação? Abuso de poder? Diferença social? Tudo isso então é obra do todo poderoso que é você, senhor do céu e da terra? Tudo isso é obra sua? Mas por quê?

– por que me pergunta aquilo que já sabe da Resposta?
- resposta? Não sei nem qual foi a pergunta!
- que graça há em conversar com alguém quando ele já sabe o que vou perguntar? Fazer um mundo melhor, igual, ou pior, não é possível sem você.
   Onório ficou observando. Olhando para os lados. Não sabia onde estava. Só sabia que tudo era muito real. Pessoas passavam de repente na sua frente com perfumes de odores diferentes e seus sentidos distinguia a todos. Olhou uma taça com um liquido escuro. Um homem a ergueu e sentiu o cheiro de um doze anos. Seus olhos não tirava as propriedades físicas da matéria com o espaço. não entendia como foi acontecer isso com ele. Não lembrava de ter vivido antes, mas aquilo não lhes era estranho. Começou sentir medo. Tremia, mas não sabia de que. Um homem toca em seu rosto e ele acorda. Aliviado ele cai na risada.
- a quanto dormi? Pergunta ao filho que lhe tinha tocado o rosto enquanto dormia. Ele então responde:
-  cuxilou três minutos.
- Três minutos? É realmente faz três minutos que deitei. Esbolsou um sorriso. – o rapaz se afasta e ele começa a olhar em volta. Tudo real. Mas esteve dormindo três minutos, mas parecia ter sonhado um dia. Pensou em fazer para dormir e ver o mesmo sonho. Fechou a porta do quarto e tomou diazepan. Ele estava novamente onde parou. Um onde todos os sentidos são aguçados.    

 - A fé é um dom gratuito de meu. Se não tens fé e, não acreditas que o estilo de vida dos que a têm, é algo que tu não aceitas, tens sempre a possibilidade de agires conforme a tua consciência. Eu te dei liberdade e quero que tu sejas livre. Livres de o amares, ou não. Deixa-te de aborrecimento! Goza a vida! Eu sou o tudo e o nada. Eu sou o bem e o mal. Eu sou uno. Essa é minha onisciência. Sou o movimento que move sem ser movido. Sou que digo para matar e morrer. Essa é minha natureza. Sou a sabedoria do ignorante e a ignorância do sábio. Sou a pobreza do rico e a riqueza do pobre. Movo todas as coisas sem ser movido. Eu sou o pensamento que me procura. A lucidez e a loucura. A razão de ser e a fé de viver. O tudo de viver e o nada de morrer. Eu estou em tudo e tudo está em mim. Sou eu que bebo cerveja voando. Sou eu que uno os opostos. Sou a imparcialidade. Sou o maior do indivisível. Sou a injustiça da justiça. O pecado não cometido. O amor do coração ferido. Sou discípulo do líder. Sou a busca enfadada. Sou o descanso da peleja. Sou a alegria do palhaço e a criança palhaçada. Sou o verso mais puro do poeta. Sou pensamento que penso no pensamento. Sou o homem no momento. Qual o meu surgimento? Não acho nesse momento. Sou o fim da finalidade. Não sou onipotente. Raças, cores e diferenças. Faz desse mundo a onipotência. Sou maior das vidas. Sou o vírus que me da vida. Sou a verdade possível e a prova das verdades. Eu sou o tempo que esta no tempo. Eu sou a morte que me assombra e a sombra calma da morte. Sou a vida que tem pavor em espaço para a morte. Sou capaz de vencê-la se assim me intento. Sou o entendimento. Sou vida. Sou o desalento. Sou o desentendimento. Sou a chuva que não passa. O sufoco da fumaça. Sou a comida contaminada. Sou a piada sem graça e o choro da desgraça. Sou o sonho sonhado e a certeza não realizada. Sou eu querendo sua atenção. Sou eu que esmago. Sou o contemplamento da arte. Sou uma arte contemplada. Sou o caminho do perdido e o perdido sem arrependido. Sou o azar da sorte e a sorte da morte. Sou o grito da vitória e a derrota glória. Sou o verso sem rima que ver de baixo para cima. Sou a falsidade do sincero e a hipocrisia do justo...