terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Enigma de Rafael na Aula de Atenas




Em um lugar indescritível, onde as linhas se entrelaçam, o vento faz a curva, caminha Platão, apontando o dedo para cima, ao lado de Aristóteles que contraria o mestre apontando o dedo para baixo, negando seu idealismo para apontar o real.

- Zenão!
- Aqui estou Mestra dos mestres.
- Vejo que és muito feliz. A que se deve a tanta felicidade?
- Penso Mestra, que atingi a plenitude e a felicidade quando abandonei todas as paixões terrenas, contrariedades, aborrecimentos e desassossegos. Para mim, a única forma de viver sem essas contrariedades é viver em ataraxia ou apatia, ou seja, abandonado ao destino, impassivamente, nada receando e nada esperando.

- Hum! Muito bom!

2- - Epicuro!
- Grande mestra, é um prazer está em sua presença! Pergunte, Mestra!

- Vejo, assim como Zenão, sua felicidade. É como ele disse?

- Meu propósito era atingir a felicidade, meu estado é caracterizado pela aponia, a ausência de dor  e ataraxia  ou imperturbabilidade da alma. Eu busquei na natureza as balizas para o meu pensamento: penso que o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Utilizei da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. Digo que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações. A morte física é o fim do corpo, que pode ser entendido como somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem. Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estão livres para constituir outros corpos. Essa teoria, que trabalhei exaustivamente, tenho a finalidade de explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou ainda não e, principalmente, extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses. Eu percebi que as pessoas são muito supersticiosas e devem se afastar da verdadeira função das religiões e dos deuses. Os deuses vivem em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança divina. Não é preocupação divina atormentar o homem de qualquer forma. Os deuses são  modelos de bem-aventurança que servem como modelo para os homens e não seres instáveis, com paixões humanas, que devem ser temidos. Desta forma procuro tranqüilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros ou após a morte. Não há por que temer os deuses nem em vida e nem após a vida. E, além disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte. No entanto, a caminho da busca da felicidade ainda estão às dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Talvez aqui discordo, em parte, de Zenão. Mas eu faço questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Eu recomendo a reflexão. As dores da alma estão freqüentemente associadas às frustrações. Em geral, oriunda de um desejo não satisfeito. Acredito que para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido passivamente na sensação pura e, por conseqüência, nas idéias gerais que se formam no espírito. Defendo ardorosamente a liberdade humana e a tranqüilidade do espírito. Quando conversei com Demócrito sobre os átomos, percebi, não sei se ele concorda, ele mesmo dirá isso, que os átomos se encontram fortuitamente, por uma leve inclinação em sua trajetória, que o faria chocar com outro átomo para constituir a matéria.  Acredito que o encontro dos átomos é necessário. A inclinação a que o átomo se desvia poderia ser por uma vontade, um desejo ou por afinidade com outro átomo. Este encontro fortuito dos átomos é que garante a liberdade, se assim não fosse, tudo estaria sob o jugo da Natureza,  garante a explicação dos fenômenos, sua elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao compreender como opera a Natureza, o homem pode livrar-se do medo e das superstições que afligem o espírito. Devo dizer que os casos fortuitos não são diferentes do natural. O prazer de que falo é o prazer do sábio, entenda-se como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer das justo-medidas e não dos excessos. É a própria Natureza que nos informa que o prazer é um bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. Entre os prazeres, Eu elego a amizade. Por isso o convívio entre vós que são estudiosos me faz bem. Quanto ao que Zenão propôs, apesar de compartilharmos diversos conceitos básicos, temos divergência porque ele entende, foi o que pude perceber, que a virtude, e não o prazer constitui o bem supremo.


-Teles!
- Presente!
- Como tem pensado que o mundo se originou?
- Eu tenho identificado na água porque vejo as sementes, como todo alimento, são úmidas. Até mesmo quem acredita em um criador imaginou esse criador pairando sobre a água e que esta lhe era anterior, mesmo que diga que tudo criou. Não há, a meu ver, viver em um mundo natural e não buscar explicação natural para os fenômenos que são puramente naturais.   Como não pensar que aquilo que todos os seres são constituídos, do qual se originam e no qual se extingue não ser o elemento de princípio dos seres? O fato de constituir uma realidade idêntica sempre idêntica mesmo nas transmutações das suas feições. Por isso afirmo que nada é gerado e nada é destruído, posto que tal realidade se conserve sempre. Não digo que algo é gerado, em sentido absoluto, ao se torna belo ou velho, nem digo que se torna o Nada ao perder essas características. pois ele é um substrato que continuará existindo. Também não se corrompe, em absoluto, nenhumas das outras coisas. Efetivamente existe uma realidade natural da qual deriva todas as outras coisas, enquanto aquela continua a existir imutável. Vejo que todas as coisas são úmidas e que até mesmo o quente é gerado do úmido e vive no úmido. Sendo assim, aquilo do qual todas as coisas são geradas é, necessariamente, o princípio de tudo e a água é, por esse motivo, o princípio das coisas úmidas.


4 - Naxímadro!
Presente Augusta Mestra!
- Fale-nos do  Universo!
- Com todo prazer mestra! Considero que a Terra tenha o formato de um cilindro e que é circundada por várias rodas cósmicas, imensas e cheias de fogo. O Sol é um furo, numa dessas rodas cósmicas, que deixa o fogo escapar. À medida que essa roda gira, o Sol também gira, explicando-se assim o movimento do Sol em torno da Terra. Eclipses se devem ao bloqueio total ou parcial desse furo. A mesma explicação é dada para as fases da Lua, que também são um furo em outra roda cósmica. E finalmente, as estrelas são pequenos furos em uma terceira roda cósmica, que se situa mais perto da Terra, do que as rodas do Sol e da Lua. O Universo é eterno e infinito. Um número infinito de mundos existiu antes do nosso. Após sua existência, eles se dissolveram na matéria primordial que eu chamo de a-peiron. E posteriormente outros mundos tornaram a nascer e ainda acontece.
 - Muito interessante! E como surgiram os animais? Pode nos Explicar isso também?
- Grande Mestra, é simples, os animais nasceram do lodo marinho, e o homem foi formado, no princípio, dentro de peixes, onde se desenvolveu e donde foi expulso logo que se tornou de tamanho suficiente para bastar-se a si próprio.
- Hum! Muito bom! Pode nos falar de Deus! Tem quem acredita que o homem foi feito no princípio tal como é hoje por um ser semelhante.
- Sim. Eu não acredito em nenhum deus, para mim todos os ciclos de criação, evolução e destruição são fenômenos naturais, que ocorrem a partir do ponto em que a matéria abandona e se separava do a-peiron. O a-peiron é a realidade primordial e final de todas as coisas e, conseqüentemente, contem toda a natureza do divino em si próprio. Se quiserem chamar meu a-peiron com outro nome, tudo bem. Tudo o que existe, somente existe em função de uma emancipação do ser eterno e, portanto ao se separar deste, é digno de castigo. De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem ir ao fundo. Segundo a necessidade, pois têm de pagar penitência e de ser julgadas por suas injustiças, conforme a ordem do Tempo. Tudo o que nasce um dia vai morrer. Tudo o que é quente, um dia vai esfriar. Tudo o que é grande, pode ser quebrado em pedaços menores. Fogo pode ser combatido com água, e como resultado, fogo e água deixam de existir.
- Excelente! Você tem contribuído com algumas de suas idéias para a semelhança da opiniões e teorias da Física atual: sua idéia de um mundo que sustenta-se por um equilíbrio de forças é muito semelhante à gravidade e à força centrípeta, forças que mantêm a Terra girando em torno do Sol; sua idéia de que a ação do Sol faz surgirem as criaturas de estrutura simples na água, que depois migram para a terra e adquirem estrutura mais complexa se parece com a teoria da evolução das espécies; sua idéia dos opostos se parece com a teoria de que o vácuo produz partículas pois supõe-se que, logo depois do Big-Bang, o vácuo tenha produzido pares de partículas e anti-partículas que se exterminavam ao se encontrarem, pois o espaço ainda era muito pequeno e os pares sempre se encontravam,  as únicas diferenças entre as teorias são que, para você, os pares são de coisas com propriedades determinadas como frio e calor, e para a Física, esses pares são algo como energia concentrada; De acordo com o que diz, os contrários revezam-se no tempo, e para os  novos sábios, os pares se auto-exterminam, pois são como  matéria positiva e anti-matéria negativa e, ao se encontrarem, precisavam "saldar" sua dívida de energia.






avarrois (mudar nome)

6 - Pitágoras -

Para mim, o número,  é sinônimo de harmonia, constituído da soma de pares e ímpares - os números pares e ímpares expressa as relações que se encontram em permanente processo de mutação. é  a essência das coisas, criando noções opostas, limitado e ilimitado, e sendo  harmonia das esferas.  O cosmo é regido por relações matemáticas. há uma ordem que domina o universo. Evidências disso estariam no dia e noite, no alterar-se das estações e no movimento circular e perfeito das estrelas. Por isso o mundo poderia ser chamado de cosmos ou ordem, correspondência, beleza. A terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um fogo central.  O princípio fundamental que forma todas as coisas é o número. A distinção de forma, lei, e substância, considero o número o elo entre estes elementos. Só há quatro elementos: terra, água, ar e fogo. Minha concepção é de que todas as coisas são números e o processo de libertação da alma é resultado de um esforço basicamente intelectual. A purificação resulta de um trabalho intelectual, que descobre a estrutura numérica das coisas e torna, assim, a alma como uma unidade harmônica. Os números não são, neste caso, os símbolos, mas os valores das grandezas, ou seja, o mundo não é composto dos números 0, 1, 2, etc., mas dos valores que eles exprimem. Assim, portanto, uma coisa manifestaria externamente a estrutura numérica, sendo esta coisa o que é por causa deste valor.

7 - ACEBÍADES OU ALEXANDRE O GRANDE. (mudar nome)

8-
Antístenes, nascido em 445 a.C., era filho de Antístenes, um ateniense, e de uma trácia.[1]  Em sua juventude lutou na Tânagra  (426 a.C.), e foi discípulo de Górgias  e, posteriormente, de Sócrates, do lado quem acabou permanecendo até sua condenação e morte.[2]  Nunca perdoou os responsáveis pela perseguição de seu mestre, e diz-se que teria até mesmo tido um papel instrumental na punição deles.[3]  Sobreviveu à Batalha de Lêuctra (371 a.C.), e teria comparado a vitória dos tebanos a um grupo de alunos escolares espancando seu professor.[4]  Embora uma fonte nos diga que teria morrido com 70 anos de idade,[5]  aparentemente ainda estava vivo em 366 a.C.,[6]  e teria aproximadamente 80 anos quando morreu em Atenas, por volta de 365 a.C.. Teria lecionado no Cinosarges,[7]  um ginásio  destinado a atenienses filhos de mães estrangeiras, situado próximo ao templo de Héracles. Diógenes Laércio afirma que suas obras ocupavam dez volumes, porém hoje em dia só restam poucos fragmentos. Seu estilo favorito parece ter sido os diálogos, alguns deles ataques contundentes a contemporâneos, como Alcibíades, na segunda de suas duas obras chamadas Ciro, Górgias  em seu Arquelau, e Platão  em seu Satão.[8]  Seu estilo era puro e elegante, e Teopompo  chegou a dizer que Platão teria roubado diversas de suas ideias.[9]  Cícero, no entanto, o chama de "um homem maias inteligente do que culto" (em latim: homo acutus magis quam eruditus).[10]  Tinha uma força considerável de sarcasmo e ironia, e tinha o hábito de fazer trocadilhos, como dizer, por exemplo, que preferia ficar entre corvos (korakes) do que bajuladores (kolakes), pois os primeiros devoram os mortos, e os segundos os vivos.[11]  Duas de suas declamações sobreviveram, Ajax e Odisseu, ambas puramente retóricas.
[editar] Filosofia
Busto em mármore de Antístenes, baseado no mesmo original que a peça do Museu Pio-Clementino acima (Museu Britânico).
[editar] Ética

Antístenes foi um pupilo de Sócrates, de quem ele aprendeu o preceito ético fundamental de que a virtude, e não o prazer, é a meta da existência. Tudo o que um sábio faz, disse Antístenes, está em conformidade com a virtude perfeita,[12] e o prazer não apenas é desnecessário, como é mesmo um mal positivo. Relatou-se que teria acreditado que a dor[13] e até mesmo a má reputação (em grego: δοξία)[14] seriam bençãos, e que teria afirmado: "prefiro enlouquecer a sentir prazer."[15] Parece, provável, no entanto, que ele não considerasse todo tipo de prazer desprezível, mas apenas aquele que resulta da gratificação dos desejos sensuais ou artificiais, pois é possível encontrar palavras suas louvando os prazeres que brotam "de dentro da alma de alguém",[16] e o gozo de uma amizade escolhida com sabedoria.[17] Antístenes colocava o bem supremo numa vida vivida de acordo com a virtude - virtude esta que consistia da ação, que quando obtida nunca é perdida, e exime o sábio do erro.[18] Está fortemente ligada à razão, porém para que ela possa se desenvolver na ação, e para ser suficiente para a felicidade, precisa do auxílio da força socrática (em grego: Σωκρατικ σχύς).[12]
[editar] Física

Sua obra sobre a filosofia natural (Physicus) continha uma teoria sobre a natureza dos deuses, onde Antístenes argumentava que existiam diversos deuses nos quais as pessoas acreditavam, porém apenas um Deus natural.[19] Também afirmou que Deus não lembrava em nada qualquer coisa existente na Terra, e que portanto não poderia ser compreendido a partir de qualquer representação sua.[20]
[editar] Lógica

Na lógica, Antístenes foi atormentado pelo problema do Um e dos Muitos. Como um nominalista de fato, acreditava que a definição e o predicado são ou falsos ou tautológicos, já que só se pode afirmar que cada indivíduo é o que ele é, e não pode fornecer mais do que uma mera descrição de suas qualidades.[21] Desacreditava, assim, o sistema platônico das Ideias. "Um cavalo", segundo Antístenes, "eu vejo, porém a qualidade inerente a todos os cavalos eu não vejo."[22] A definição seria um mero método circular de declarar uma identidade: "uma árvore é um vegetal que cresceu" não faria mais sentido, portanto, em termos de lógica, do que "uma árvore é uma árvore".

9)  Hipátia (pesquisar) pode ser trocada a ordem conforme a ordem do nascimento.

10 - Ésquine (trocar nome)

11 - Parmênides!

- digo, primeiramente, quatro coisas:  o Ser é Uno e a imóvel; O mundo sensível é uma ilusão; O Ser é Uno, Eterno, Não-Gerado e Imutável; Não se confia no que vê. Não concordo com Heráclito porque toda mutação é ilusória. Vamos e dir-te-ei – e tu escutas e levas as minhas palavras. Eu comparo as qualidades umas com as outras e as ordeno em duas classes distintas. Por exemplo: A luz e a escuridão são duas classes distintas. A segunda qualidade  nada mais é do que a negação da primeira.  As diferenças nas qualidades positivas e negativas e, pode-se encontrar essa oposição fundamental em toda a Natureza. Exemplos: leve-pesado, ativo-passivo, quente-frio, masculino-feminino, fogo-terra, vida-morte, e essa comparação se aplicam a mesma no modelo luz-escuridão; o que corresponde à luz são a qualidade positiva e o que corresponde à escuridão, a qualidade negativa. O pesado é apenas uma negação do leve. O frio é uma negação do quente. O passivo uma negação ao ativo, o feminino uma negação do masculino e, cada um apenas como negação do outro. Por fim, nosso mundo divide-se em duas esferas: aquela das qualidades positivas: luz, quente, ativo, masculino, fogo, vida; e aquela das qualidades negativas: escuridão, frio, passivo, feminino, terra, morte. A esfera negativa é apenas uma negação da esfera positiva, isto é, as esferas negativas não contem às propriedades que existem na esfera positiva. Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vejo ocorrer no mundo, eu  as explico como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. Ao vir-a-ser é necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser. Um desejo é o fator que impele os elementos de qualidades opostas a se unirem, e o resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam novamente o ser e o não-ser à separação. Então, toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o ser e o não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de meus sentidos apenas criam ilusões, nas quais tenho a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem um ser.
                                                                                                                                                                    

Toda minha realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser - Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Esse Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência de seu oposto – o Não-Ser. Esse Ser não pode ter sido criado por algo, pois isso implicaria em admitir a existência de outro Ser. Do mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”. Portanto, o Ser simplesmente é. Como poderia ser gerado? E como poderia perecer depois disso? Assim a geração se extingue e a destruição é impensável. Também não é divisível, pois que é homogêneo, nem é mais aqui e menos além, o que lhe impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira. É o mesmo, que permanece no mesmo e em si repousa, ficando assim firme no seu lugar. Pois a forte Necessidade o retém nos liames dos limites que de cada lado o encerra, porque não é lícito ao que é ser ilimitado; pois de nada necessita – se assim não fosse, de tudo careceria. “Mas uma vez que tem um limite extremo, está completo de todos os lados; à maneira da massa de uma esfera bem rotunda, em equilíbrio a partir do centro, em todas as direções; pois não pode ser algo mais aqui e algo menos ali.” O Ser - Absoluto não pode vir-a-ser. E não podem existir vários “Seres-Absolutos”, pois para separá-los precisaria haver algo que não fosse um Ser. Conseqüentemente, existe apenas a Unidade eterna. O que está fora do Ser não é Ser; o Não-Ser é nada; o Ser, portanto, é.

12 - SÓCRATES!


- Eu  acredito na imortalidade da alma e  recebi uma missão especial do deus Apolo. Acredito que a excelência moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente perfeitos não têm filhos semelhantes a eles. Minhas idéias não são próprias, mas de meus mestres: Pródico e Anaxágoras de Clazômenas . Minha sabedoria é limitada à minha própria ignorância. Só sei que nada sei. Acredito que os atos errados são conseqüências da própria ignorância. Eu acredito que o melhor modo para as pessoas viverem é se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convido-os a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acredito que esse é o melhor modo de se crescer como uma população. Acredito que as idéias pertencem a um mundo que somente os sábios conseguiam entender.


13 - HERÁCLITO!

O pensamento de Heráclito

Os filósofos de Mileto (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e a morte, mas não chegaram a problematizar a questão.

Heráclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático - Panta rei ou "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento.

Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, posto que ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. "A doença faz da saúde algo agradável e bom"; ou seja, se não houvesse a doença, não haveria por que valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo; ou a descida e a subida, em um caminho, pois o mesmo caminho é de descida e de subida; o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma, o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Panta rei os potamós (do grego πάντα ε ), traduzido como "Tudo flui como um rio" é o célebre aforisma no qual a tradição filosófica subsequente identificou sinteticamente o pensamento de Heráclito com o tema do devir, em contraposição à filosofia do ser própria de Parmênides.

Mas, na realidade, o famoso moto panta rei não é atestado nos fragmentos conhecidos da obra de Heráclito, e pode ser atribuído ao seu discípulo Crátilo, que desenvolveu o pensamento do mestre, radicalizando-o. A fórmula léxica panta rei será cunhada e utilizada pela primeira vez somente por Simplício, em seu comentário à Physica Auscultatio, 1313, 11. A expressão deriva de um fragmento do tratado Sobre a natureza:

    Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai.
    —91 Diels-Kranz

Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma coisa pois tudo se transforma e está em contínua mutação. Por isso, Heráclito identifica a forma do Ser no Devir pelo qual todas as coisas são sujeitas ao tempo e à sua relativa transformação.

Heráclito sustenta que só a mudança e o movimento são reais, e que a identidade das coisas iguais a si mesmas é ilusória: para Heráclito tudo flui (panta rei).

O panta rei é uma consequência de polemos (guerra, conflito), que reina sobre tudo. Em consequência, Heráclito de Éfeso não é o filósofo do "tudo flui" mas do "tudo flui enquanto resultado da tensão contínua dos opostos em luta".
 A doutrina dos contrários

    Polemos é pai de todas as coisas, de todas, de todos reis.


A doutrina da unidade dos contrários é talvez o aspecto mais original do pensamento filosófico de Heráclito. A lei secreta do mundo reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro. Nada existiria se não existisse, ao mesmo tempo, o seu oposto. Assim, por exemplo, uma subida pode ser pensada como uma descida por quem está na parte de cima. Entre os contrários se cria uma espécie de luta constitutiva do logos indiviso.

Nessa dualidade, que na superfície é uma guerra (polemos), mas no fundo é harmonia entre os contrários, Heráclito viu aquilo que definia como o logos, a lei universal da Natureza.

E é a própria doutrina dos contrários que faz de Heráclito o fundador de uma lógica "antidialética", fundada na lei estética do devir da realidade. Antidialética porque tese e antítese (ser e não ser) são uma síntese contraditória e permanente na realidade, que só assim pode vir a ser, através dos seus dois aspectos existenciais ("no mesmo rio, entramos e não entramos"; "somos e não somos"); oposta à lógica aristotélica porque oposta ao seu princípio da não-contradição e do terceiro excluído.

A teoria de Heráclito é alternativa à ontologia de Parmênides, o filósofo da unidade e da identidade do Ser, que ensina que é a contínua mudança a principal característica do não ser .

A partir de seus pressupostos - panta rei e a guerra entre os contrários -, Heráclito definiu uma arché, um princípio que está em todas as coisas desde a sua origem: o fogo. Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro"; ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se em todas as coisas.
[editar] A cosmologia de Heráclito
Heráclito, em detalhe do afresco pintado por Rafael, A Escola de Atenas

Segundo Heráclito, o fogo é, pois, o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e tudo flui como um rio. O cosmos é um só e nasce do fogo e, de novo, é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.
Em seu livro - Do Céu, Aristóteles escreve: "Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e Heráclito de Éfeso. (…) Também Heráclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz "acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas."
Para Heráclito, o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, torna-se água; e esta, solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heráclito define como sendo "para baixo".
Derretendo-se a terra, obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E, rarefazendo-se, o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho "para cima".
Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante (para nós) é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.
Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.
Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes evaporações. Pois a brilhante evaporação, inflamando-se no círculo do Sol, produz o dia; e, quando a contrária prevalece, produz a noite; e, quando da evaporação brilhante nasce o calor, faz verão; mas, quando da sombra o úmido prevalece, faz-se o inverno.

 O Deus e a alma

Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Deus não era nem criador, nem onipotente. Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.
"O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um."
Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.
E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.
"Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água alma."
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos "para baixo" e "para cima".

14 - PLATÃO



 Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.

Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.

Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Idéia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Idéia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Idéia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.

O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar a ser; assim, não há mudança.

Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .

Platão resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um objeto é a Idéia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Idéia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Idéia de Árvore.

Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Idéia daquele objeto que viu no mundo das Idéias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Idéias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Idéia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.

A reminiscência

Uma das condições para a indagação ou investigação acerca das Idéias é que não estamos em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Idéias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Idéias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.

Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Idéias supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as Idéias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no diálogo Fedro, de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado, tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados a vermos apenas as sombras do Mundo das Idéias.

Amor

No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.

Conhecimento

Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.

Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.

O conhecimento era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.

Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.

Quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo que, no mundo das idéias, o homem pode ter a épisthéme, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento filosófico,.

Platão não defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das idéias.

Política

"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).

Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais.

Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica.

Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da pólis:

    * A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.

    * A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiães da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade. E, por fim,

    * A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.

O homem e a alma

O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.

Para Platão a alma é divida em três partes:

    * 1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).

    * 2 Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem (andreía).

    * 3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne).

Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.

Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Idéias e aspira ao conhecimento e às idéias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das Idéias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Idéias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Idéias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.

15 - ARISTÓTELES

A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.

Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.
[editar] Lógica

Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
[editar] Física

A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma com a ausência de movimento.

Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois o ar; depois a água e, por último, a terra.
[editar] Psicologia

A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.

O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais sintam.

No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica.

Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo.
[editar] Biologia

A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.

Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.

Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia.[7]
[editar] Metafísica

O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.

O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:

   1. a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
   2. a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser do ente;
   3. a ciência que investiga as substâncias;
   4. a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.

Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na metafísica aristotélica.
[editar] As quatro causas

Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:

    * A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
    * A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
    * A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
    * A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente).

A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das coisas.

 Essência e acidente

Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.

A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma história ou informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").

O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).

 Potência, ato e movimento

Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "Ato Puro".

Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.

O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).

 Ética

No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.

Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).

As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.

 Política

Alexandre e Aristóteles.

Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática.

Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado.

Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre, o Grande.

 Direito

Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é uma ciência dialética, por ser fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas principalmente pela aprovação da maioria.

 Retórica

Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo).

 Poética

A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.

 Astronomia

O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).[8]

Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos celestes seriam, além de naturais, eternos.

16 - DIÓGENES

Segundo a tradição, Diógenes vivia a perambular pelas ruas na mais completa miséria até que um dia foi aprisionado por piratas para, posteriormente, ser vendido como escravo. Um homem com boa educação chamado Xeníades o comprou. Logo ele pôde constatar a inteligência de seu novo escravo e lhe confiou tanto a gerência de seus bens quanto a educação de seus filhos.

Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante os valores da sociedade da qual fazia parte. Desprezava a opinião pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Reza a lenda que seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e auto-suficiência perante o mundo), sendo ele conhecido também, talvez pejorativamente como kinos, o cão, pela forma como vivia.

A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria pois isto impedia a auto-suficiência. A virtude - como em Aristóteles - deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude.

Diógenes é tido como um dos primeiros homens (antecedido por Sócrates com a sua célebre frase "Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo.") a afirmar, "Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular", manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo.

Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também uma República que teria influenciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo. De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente.

Provavelmente, Diógenes foi o mais folclórico dos filósofos. São inúmeras as histórias que se contavam sobre ele já na Antigüidade.

É famosa, por exemplo, a história de que ele saía em plena luz do dia com uma lanterna acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja, homens auto-suficientes e virtuosos).

Igualmente famosa é sua história com Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para a Alexandre, disse: "Não me tires o que não me podes dar!" (variante: "deixe-me ao meu sol"). Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes."

Outra história famosa é a de que, tendo sido repreendido por estar se masturbando em público, simplesmente exclamou: "Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!"

Outra história ainda é a de que um dia Diógenes foi visto pedindo esmola a uma estátua. Quando lhe perguntaram o motivo de tal conduta ele respondeu "por dois motivos: primeiro é que ela é cega e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem depender de alguém."
A temática do cão
Diógenes sentado em seu barril cercado por cães. Pintura de Jean-Léon Gérôme de 1860.

Muitas anedotas sobre Diógenes referem-se ao seu comportamento semelhante ao de um cão, e seu elogio as virtudes dos cachorros. Não é sabido se Diógenes se considerava insultado pelo epiteto "canino" e fez dele uma virtude, ou se ele assumiu sozinho a temática do cão para si, Os termos modernos cínico e cinismo derivam da palavra grega kynikos, a forma adjetiva de kynon, que significa cachorro.[3] Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente e maneira hipócrita e poderiam fazer bem ao estudar o cão. Afinal o cão é capaz de realizar suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, um cachorro comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre que lugar dormir. Cachorros vivem o presente sem ansiedade, e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, cachorros aprendem extintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferente dos humanos que enganam e são enganados uns pelos outros, cães reagem com honestidade frente à verdade.

Como colocado anteriormente (veja Morte), a associação de Diógenes com cachorros foi rememorada pelos Coríntios, que erigiram em sua memória um pilar sobre o qual descansa um cão entalhado em mármore de Paros.
Precedente do anarquismo
O reecontro de Diógenes e de Alexandre.

Nas reflexões desenvolvidas pelo filósofos cínicos pode-se reconhecer importantes princípios do anarquismo ainda na Grécia Antiga. Segundo o historiador inglês Donald R. Dudley, em particular no pensamento de Diógenes podem ser identificados muitos elementos presentes no movimento anarquista da contemporaneidade.[6]

Em seu artigo "Aristóteles e o Anarquismo" (Aristotle and Anarchism) o filósofo estadunidense David Keyt afirma que as sementes do anarquismo filosófico podem ser mais facilmente encontradas nas ideias de Diógenes de Sínope do que nas de Sócrates. Este mesmo autor confere também a Diógenes a defesa do gérmen do proto-internacionalismo na Antiguidade, uma vez que o próprio Diógenes, refutando todas as identidades vinculadas as cidades estados e povos antigos, e negando assim a imprescindibilidade da pólis (apolis), se definia como cidadão do cosmos (kosmopolitê).[7] O peso do pensamento ácrata de Diógenes na filosofia da Antiguidade faz este autor considere a hipótese de Aristóteles estar em parte reagindo e se contrapondo às ideias de Diógenes quando faz sua defesa das pólis.[8]

Em relação a temática do casamento Diógenes refuta o modelo familiar grego afirmando que as esposas deveriam ser mantidas em comum, não reconhecendo nenhuma legitimidade em qualquer união baseada na coerção, mas somente nas relações que se baseiem na persuasão entre pares.

Keyt apresenta ainda a perspectiva de Diógenes em relação à escravidão. Sua crítica à escravidão estaria focada no caráter de voluntarismo da parte dominada em relação à dominante: escravos sentem necessidade de mestres..[9] Em relação a este tema a posição de Diógenes se aproxima das reflexões apresentadas por Étienne de La Boétie sobre a servidão voluntária. Além de ser outro importante precedente do anarquismo no final do medievo, La Boétie fora a seu tempo tradutor de diversos escritos relacionados aos cínicos, adotando também a metodologia cínica baseada na inventividade, no uso da ironia, em jogos de palavras e paradoxos.[10]

    "Na casa de um rico não há lugar para se cuspir, a não ser em sua cara."
    —Diógenes de Sínope

Portal   Portal da Anarquia

Da perspectiva apresentada por Roca e Álvarez Diógenes de Sínope pode ser considerado também um predecessor dos happenings como ferramenta de contestação política. Ainda na ótica destes autores, através de suas ações provocativas individuais com as quais contestava toda forma de autoridade (Diógenes adorava ridicularizar Platão enquanto autoridade filosófica) e de sacralidade, Diógenes pode ser considerado um importante precedente da vertente libertária conhecida como anarcoindividualismo.[11]
Obra

17 - PLOTINO ( FALTA VER REFERENCIA)


18- EUCLIDES OU ARQUIMEDES

19 - Zarastruta!
- Aqui!
- É verdade que sorriu ao nascer? Como conseguiu? Por que sorriu e não chorou como todos?
- Ha! Grande Musa, Eu sorri de uma piada que meu concorrente contou na corrida para fencundação.
- Que piada!
- Ele contou que iria sorri ao nascer porque iria inspirar a maior mentira contada no mundo à parti de seu nascimento.
Há muito tempo, nas estepes a perder de vista da Ásia Central perto do Mar de Aral, havia uma pequena vila de casas de adobe, onde vivia a família Spitama. Um dia, no sexto dia da primavera, eu nasci naquela família. A minha mãe e meu pai decidiram dar-me o nome de Zaratustra. Quando nasci, não chorei, pelo contrário, ri sonoramente. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer. Só que na vila havia um sacerdote que percebeu que eu viria a ser um revolucionário do pensamento humano e o que enfraqueceria o poder dos "donos" das religiões. Ele então decidiu tomar providências e procurou meu pai Pourushapa Spitama, e lhes disse: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. Seu filho é um mau sinal para a nossa vila porque riu ao nascer, ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro! Os deuses estão furiosos!". Mas papai  não me queria ferir, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova. Na manhã seguinte papai fez uma grande fogueira, e à frente de todos,  colocou-me  no meio do fogo, mas eu não sofri dano algum. Então o sacerdote ficou confuso.  Fui levado então para um vale estreito e colocado no caminho de uma boiada de mil cabeças de gado, para ser pisoteado. O primeiro boi da boiada percebeu - me  e ficou parado sobre ele, protegendo-me, enquanto o resto passava ao lado e eu  não sofri um só arranhão. O sacerdote logo arquitetou outro plano. Fui colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-me, cuidou-me até que Dugdav, minha mãe, viesse buscá-me. Diante do meus prodígios o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se da vila. Eu cresci peramburalava pelas estepes indagando-me: "Quem fez o sol e as estrelas do céu? Quem criou as águas e as plantas? E quem faz a lua crescer e minguar? Quem implantou nas pessoas a sua natural bondade e justiça?". Eu queria saber tudo. De onde Veio? Veio por quê? por que não ficou lá? por que não volta? Um dia eu estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho me apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. perguntei-lhe quem era ele, ao que tevi como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-me a mão, e  levou-me para um lugar muito bonito, onde sete outros seres me esperavam. A Boa Mente disse-me então: "Zaratustra, se você quiser pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca, e também questões mais interessantes ainda. Ahura Mazda, Deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas.” Mas contestei e perguntei: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações". Eu voltei para casa e contei a todos o que me acontecera. A minha família aceitou o que eu havia descoberto, mas os sacerdotes me rejeitaram. Eles disseram: "Se é assim nada há de especial em nosso serviço, nada valem nossos sacrifícios e perderemos o poder que nos dão os deuses ciumentos e caprichos que servimos. Estamos sem trabalho e passaremos fome!". Decidiram, então, dar cabo da minha vida. Eu entendi que tinha que sair dali por uns tempos. Chamei meus vinte e dois companheiros e companheiras de primeira hora e fugimos com tudo o que tinhamos. Nós viajamos durante várias semanas até chegarmos a um lugar cujo governante chamava-se Vishtaspa. Eu procurei Vishtaspa e partilhei com ela a minha descoberta. Ela me recusou dizendo: "Por que haveria de crer nesse estranho? Meus deuses são, com certeza, mais poderosos que esse Ahura Mazda!". Pensa que desistir!? Passei dois anos tentando convencer Vistaspa, e enfrentando a mais cruel oposição, passando, inclusive, um tempo preso, um acidente com o cavalo de Vishtaspa ajudou-me a resolver esse impasse. À beira de morte, o cavalo tornou-se o pivot de todas as atenções. Vistaspa chamou sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o seu cavalo. Juntos eles tentaram de tudo, inclusive oferecendo aos deuses dezenas de sacrifícios de outros cavalos. Além disso, brigaram entre si, fizeram intrigas, mas nada aconteceu, o cavalo de Vishtaspa só piorava. Eu, que fora criado num ambiente rural, logo percebi que ele fora envenenado. Procurei Vishtaspa e sugeri um remédio muito usado nesses casos em minha terra. Sem alternativas, embora descrente, Vishtaspa aceitou a minha idéia e em dois dias seu cavalo estava de pé, sem sinal do doença. Todos ficaram pasmos e acharam que eu tinha operado um milagre. Eu poderia ter usado essa ocasião para arrogar-me poderes sobrenaturais, mas talvez, por ter sido sincero, consegui mostrar uma sublime beleza e profundidade de mensagem. Respondi dizendo que havia apenas usado a minha boa mente e os conhecimentos que tinha adquirido em minha casa. Vishtaspa e sua família parece que ficaram encantados com a minha honestidade e simplicidade, e dispuseram-se a ouvi-me de novo, dessa vez com coração e mentes desarmados. Em pouco tempo não só Vishtaspa e sua família haviam sidos iniciados, como também grande parte de seu povo.
Eu nasci de uma virgem, dei uma grande gargalhada ao nascer. A natureza inteira se regozijou com a minha vinda ao mundo. Desde tenra idade, eu possuía uma sabedoria extraordinária, manifestada em minha conversação e em minha maneira de ser. Aos sete anos já  começei a cultivar o silêncio. A minha vida foi salva muitas vezes dos meus inimigos que queriam martirizá-me a fim de que eu não chegasse à maturidade e cumprisse a minha missão divina. Aos quinze anos de idade realizei valiosas obras religiosas e cheguei a ser conhecido por minha grande bondade para com os pobres, anciãos, enfermos e animais.
Eu vivi quase sempre isolado, habitei no alto de uma montanha, em cavernas sagradas. Não ingeri nenhum alimento de origem animal. Fui ao deserto, onde fui tentado pelo diabo, mas não sucumbi à tentação. Quando completei trinta anos comecei minha missão. Encotrei muitas dificuldade para converter as pessoas à minha nova religião. Durante dez anos de pregação só encontrei um crente. E esse era meu primo. E minha voz ficou que como uma voz que clama no deserto porque ninguém me escutava e não me entendia.
Fui perseguido e hostilizado pelos sacerdotes e por toda a sorte de inimigos ao longo de dez anos. Os príncipes recusaram dar-me apoio e proteção e encarceraram-me porque entendiam que a minha nova mensagem ameaçava a tradição e causava confusão nas mentes de seus súbditos. Com 40 anos, realizei milagres e preocupava-me com a instrução do povo. Converti o rei Vishtaspa, que se tornou um fervoroso seguidor da religião por me pregada, iniciando a verdadeira difusão dos meus ensinamentos e de uma grande reforma religiosa. Quando completei 77 anos de idade, morri assassinado enquanto rezava no templo, diante do fogo sagrado.
- Percebe que a religião te tirou a vida terrena?
- sim. Ensinei que antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem, Ahura Mazda, e do Mal, Arimã. Tinha as  divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal que hoje é chamados de anjos. Arimã é  uma serpente. Ele é Criador de tudo que há de ruim: crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados.  Ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Ormuzd, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito. Ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.
- o que tens a dizer do princípio?
- no princípio sempre existiu o bem e o mal. A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuz sobre Arimã só poderá ocorrer se eu consegui formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil, e expurgar o Mal do universo.

- Hum! De acordo com os seus preceitos, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ocorreria a segunda ida a terra como um sinal e uma promessa de redenção final dos bons. Isso seria seguido do nascimento miraculoso do Saoshyant, estava se referindo ao Messias hebreu, cuja missão seria aperfeiçoar os bons para o fim do mundo, da história humana, enfim, para a vitória do Bem sobre as forças do Mal? A cada mil anos viria um profeta,messias, Saoshyant? você disse que, assim, nos últimos três milênios, três Saoshyant preparariam a completude do grande ano cósmico. Cada série de desenvolvimento da História seria presidida por um profeta, que teria seu hazar, seu reino de mil anos. Anunciando a chegada do tempo em que surgirá da raça persa o Shah Bahram, o Senhor Prometido, o Salvador do Mundo, o Grande Mensageiro da Paz. disse que no final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos. consta também que você disse que o mal poderia ser banido para sempre do universo, com o nascimento de um novo mundo, física e espiritualmente perfeito, la na Terra. Não seria possível, assim, a coexistência de um mundo físico degradado e um mundo hiperfísico perfeito.


Você, com a sua mensagem, provocou uma verdadeira transformação no modo de pensar da sua civilização, contrariando o tradicional pensamento dos sábios de sua época. Sua mensagem continham o triplo princípio de boa mente, boas palavras e boas ações.

- É, O Bem e o Mal,  manifestam-se também na alma humana, e a única forma de poder organizar o mundo e a sociedade é estando o Bem acima do Mal. Este não traz contribuição alguma para a construção de uma vida boa, já que impossibilita uma relação equilibrada entre ser humano, sociedade e natureza.

eu  proponho que o homem encontre o seu lugar no planeta de forma harmoniosa, buscando o equilíbrio com o meio natural e social, respeitando e protegendo terra, água, ar, fogo e a comunidade. O cultivo de mente, palavras e ações boas é de livre escolha: o indivíduo deve decidir perante as circunstâncias que se apresentam em determinado fato. A boa deliberação, ou seja, uma boa reflexão a respeito de cada ação faz surgir uma responsabilidade social para colaborar com o projeto que Deus propôs ao mundo. Os seres humanos, portanto, possuem livre-arbítrio e são livres para pecar ou para praticar boas ações. Mas serão recompensados ou punidos na vida futura conforme a sua conduta. Os mandamentos são: Fale a verdade! Cumpra com as promessas!  Não contraia dívidas!. Trate seu sememelhante como a te mesmo! Age como gostarias que agissem contigo!

Entre as condutas proibidas destacavam-se a Não seja guloso!, Não seja orgulhoso!, Não seja indolente, Não cobiçarás!, a ira, a luxúria, Não adulterás!, Não abortás!, Não calúniais! Não dissipais. Cobrar juros a um integrante da religião era considerado o pior dos pecados. Reprovava-se duramente o acúmulo de riquezas.

As virtudes como justiça, retidão, cooperação, verdade e bondade, surgem com o princípio organizador de Deus Ascha, que só se pode manifestar com o esforço individual de cultivar a Tríplice Bondade. Esta prática do Bem leva ao bem-estar individual e, conseqüentemente, coletivo. A comunidade somente pode surgir quando o indivíduo se vê como autônomo, e desse modo pode descobrir o outro como pessoa. O ego é valorizado como fonte para o reconhecimento do próximo. Cultivado de forma sadia, o ego torna-se forte e poderoso para o homem observar a si próprio como membro da comunidade e capaz de contribuir para o bom relacionamento harmonioso com os outros seres.

Por isso, eram incentivadas as virtudes econômicas e políticas, entre elas a diligência, o respeito aos contratos, a obediência aos governantes, a procriação de uma prole numerosa e o cultivo da terra, como está expresso na frase: "Aquele que semeia o grão, semeia santidade". Havia também outras virtudes ou recomendações de Ahura Mazda: os homens devem ser fiéis, amar e auxiliar uns aos outros, amparar o pobre e ser hospitaleiros.

A doutrina original de Zaratustra opunha-se ao ascetismo. Era proibido infligir sofrimento a si, jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar. Essas prescrições fomentavam a temperança e não a abstinência. Assim, as exortações e interdições destinavam-se a proporcionar aos homens uma boa conduta, além de reprimir os maus impulsos.
[editar] Doutrina religiosa

    Ver artigo principal: Zoroastrismo

As revelações e profecias de Zaratustra estão contidas nos Gathas, cinco hinos que formam a mais antiga parte do livro do Masdeísmo, o Avesta. Os Gathas datam do final do segundo milênio a.C. Foram escritos numa língua do nordeste do Irã, aparentada ao sânscrito, o avestan gático. Originalmente, esses hinos eram transmitidos oralmente. Grande parte do Avesta original foi destruída, com a invasão de Alexandre Magno e com o domínio posterior do Islamismo. As escrituras sagradas do Masdeísmo, o Avesta ou Zend-Avesta, como se tornaram mais conhecidas no ocidente, significam "comentário sobre o conhecimento".

O Zoroastrismo é uma das religiões mais antigas e de mais longa duração da humanidade. Seu monoteísmo influenciou as doutrinas judaica, Cristãs e Islâmicas [carece de fontes?]. Após o domínio Islâmico do Irã, o Masdeísmo passou a ser religião de uma minoria, que passou a ser perseguida pela nova religião hegemônica. Por isso, parte dos seguidores remanescentes migrou para o noroeste da Índia, onde foi estabelecida a comunidade Parsi. No Irã, permanece ainda a comunidade Zardushti. Atualmente, o número total de seguidores do Masdeísmo (Zoroastrismo) não chega a 120 mil, distribuídos em pequenas comunidades rurais. Por ser uma religião étnica, o Masdeísmo geralmente não permite a adesão de convertidos. Na atualidade há uma maior flexibilidade, devido à migração, à secularização e aos casamentos realizados entre etnias distintas.

Como já mencionado, a base da doutrina de Zaratustra é o dualismo Bem-Mal. O cerne da religião consiste em evitar o mal por intermédio de uma distinção rigorosa entre Bem e Mal. Além disso, é necessário cultivar a sabedoria e a virtude, por meio de sete ideais, personificados em sete espíritos, os Imortais Sagrados: o próprio Ahura Mazda, concebido como criador e espírito santo; Vohu Mano, o Espírito do Bem; Asa-Vahista, que simboliza a Retidão Suprema; Khsathra Varya, o Espírito do Governo Ideal;Spenta Armaiti, a Piedade Sagrada; Haurvatãt, a Perfeição; e Ameretãt, a Imortalidade. Estes deuses enfrentam constantemente as forças do Mal, os maus pensamentos, a mentira, a rebelião, a doença e a morte. O príncipe destas forças é Angra Mainyu, o Espírito Hostil, também conhecido como Arimã.

A adoração a Ahura Mazda ou Ormuz pode também ser chamada Mazdayasna (Adoração ao Sábio). O culto não requeria templos, pois Deus era representado pelo fogo, considerado sagrado e símbolo de pureza. A chama era mantida constantemente em altares, erguidos geralmente em lugares elevados das montanhas, onde se faziam oferendas. Os magos, detentores de segredos e de verdades reveladas, dirigiam os ritos e os cultos – são referidos na Bíblia, no Novo Testamento. O rei da Pérsia teria enviado a Israel sacerdotes do Zoroastrismo, que seguiram uma estrela até Belém, no intuito de encontrar o Salvador, ou Messias.

Zaratustra transmitira, aos magos e adeptos, os segredos e a verdade suprema que lhe foram revelados por Ahura Mazda por meio de um anjo chamado Vohu Manõ. Assim como o Cristianismo, o judaísmo e o islamismo, também no zoroastrismo a revelação divina é elemento essencial.

A religião Masdeísta diferencia-se das existentes até então não só pelo dualismo Bem–Mal, mas também pelo caráter escatológico. Entre os seus dogmas, estão a vinda do Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a translação dos bons para o paraíso eterno. Inclui também a doutrina da imortalidade da alma e o seu julgamento.

Conforme os seus méritos ou pecados, elas iriam para o mundo dos justos (paraíso), para a mansão dos pesos iguais (purgatório) ou para a escuridão eterna (inferno). Não sepultavam, incineravam ou jogavam os mortos em rios, mas ficavam expostos em altas torres a céu aberto. Os corpos dos justos, salvos da destruição, secariam; já os dos injustos seriam devorados pelas aves de rapina. Desse modo, Zaratustra pode ser visto como um dos primeiros teólogos da história por ter erigido um sistema de fé religiosa desenvolvido e estruturado.

Enquanto religião ética, o Masdeísmo possuía a missão de purificar os costumes tradicionais de seu povo a fim de erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia. Com isso, o culto poderia atingir uma dimensão ético-espiritual elevada. Zaratustra pregava que o esforço e o trabalho eram atos santos. Eis algumas frases ou ditos a ele atribuídos:


    * "O que vale mais num trabalho é a dedicação do trabalhador".
    * "O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer".
    * "Aquele que diz uma palavra injusta pode enganar o seu semelhante, mas não enganará a Deus."
    * "Deus está sempre à tua porta, na pessoa dos teus irmãos de todo o mundo."
    * "O que semeia milho, semeia a religião. Não trabalhar é um pecado."