SANTO ANSELMO X KANT
SANTO ANSELMO:
posso provar a existência de Deus.
KANT: a
existência de Deus nunca poderá ser provada.
A PROVA ONTOLÓGICA DA
EXISTENCIA DE DEUS POR SANTO ANSELMO.
A TESE: Santo
Anselmo de Aosta, bispo, partiu para uma argumentação para provar a existência
de Deus usando exatamente o oposto da fé, a razão, ou seja, o raciocínio
lógico. Essa idéia é um reflexão sobre a perfeição. Suponhamos que existem dois
tipos de perfeição, uma realmente existente, a outra somente imaginada pela
mente. Qualquer um concordaria que a primeira é superior à segunda porque
perceptível, faltando a esta última uma importante característica: a
existência. Mas se Deus é ser
perfeitíssimo então deve necessariamente existir. Concluindo: a definição de
Deus como aquilo ao qual nada é maior
(de que nem mesmo um ateu pode discordar) implica sua existência. O ateu
permanece ateu somente porque é estúpido, ou melhor, insipiente, sem sal, ou seja,
sem inteligência.
Kant, refutando Anselmo diz que a existência de Deus nunca
poderá ser provada.
O PROBLEMA:
pode-se provar a existência de Deus com argumentos racionais?
A TESE: como
vimos acima, Anselmo tentou deduzir a efetiva existência de Deus como conseqüência
lógica de sua natureza perfeita com base na idéia de que um ser absolutamente
perfeito não pode ser desprovido do atributo da existência. No entanto, nesse
raciocínio existe um grave erro: não é possível afirmar a existência de um
objeto com base na idéia que temos dele, mesmo se lhe atribuímos o caráter de
perfeição absoluta. Efetivamente, seguindo a argumentação de Anselmo,
deveríamos declarar existentes também 100 moedas, quando fomos capazes de
imaginá-las, pensá-las, defini-las perfeitamente, porque nesse caso também a
ideia de absoluta perfeição deveria conter a perfeição, e se conferi a
existência de Deus por esse meio ganhando a salvação, deveríamos também
ficarmos ricos com as moedas absolutamente perfeitas.
Vejamos os argumentos dos dois:
O problema: encontrar
um argumento racional, sólido, simples e poderoso, para demonstrar a existência
de Deus.
Anselmo – Depois
de insistentes pedidos de alguns coirmãos, escrevi um opúsculo como exemplo de
meditação sobre as razões da fé, como alguém que, raciocinando consigo mesmo,
indaga o que ignora; mas depois, considerando que o escrito é constituído pelo
encadeamento de muitos argumentos, comecei a me perguntar se não podia
encontrar um argumento único que demonstrasse por si só, sem necessidade de
outro qualquer, que Deus existe e que é bem supremo, que não precisa de nada e
de quem todo o resto necessita para ser e ter valor, e que também bastasse para
demonstrar as outras verdades em que acreditamos acerca da substancia divina.
ANSELMO RECORRE AO
SOBRNATURAL
Anselmo - Concede-me
senhor, tu que dás inteligência à fé, concede-me nos limites do conveniente
entender que tu és como acreditamos. Na verdade, nós acreditamos que tu és algo
maior do que tudo que se pode pensar.
ANSELMO INSULTA O
ATEU A REFUTÁ-LO.
Anselmo – Mas
talvez não exista uma tal natureza, posto que o insipiente disse em seu
coração: Deus não existe. Sem dúvida,
porém, o próprio insipiente, quando ouve o que digo (algo maior do que tudo que
se pode pensar),entende o que está escutando e compreende em seu intelecto,
mesmo sem entender que aquela coisa sobre a qual escuta existe. De fato,
entender uma coisa com o intelecto é distinto de entender que aquela coisa
existe.
SEGUNDO ANSELMO, AS
COISAS PODEM EXISTIR NO PENSAMENTO OU NA REALIDADE.
Anselmo - Quando
um pintor imagina o que está para pintar, tem no intelecto, mas não acredita
que exista aquilo que ainda não pintou. Quando ao contrário já o pintou, tem o
que pintou no intelecto e acredita que ele existe.
PARA ANSELMO ACREDITA
QUE A PERFEIÇÃO DIVINA É CERTAMENTE PENSÁVEL, MAS O PROBLEMA É ESTABELECER SE É
REAL.
Anselmo –
portanto, o insipiente também está convencido de que existe, ao menos no
intelecto, alguma coisa da qual não se pode pensar nada maior. Ao escutar isso,
de fato, entende-o, e quando entende alguma coisa quer dizer que já tem essa
alguma coisa no intelecto. Ora, aquele do qual não se pode pensar nada maior
não pode existir somente no intelecto.
ESTE ARGUMENTO NÃO SE
BASEIA NA FÉ, MAS SOMENTE NA RAZÃO.
Anselmo – De fato,
Deus é aquilo de não se pode pensar nada maior. Quem entende isso de modo
correto
entende também que Ele é tal de modo a não se poder afirmar que não
exista nem mesmo no pensamento. Quem, portanto, entende como é Deus não pode
pensar que não exista.
KANT: A EXISTENCIA DE
DEUS NUNCA PODERÁ SER PROVADA
A EXISTENCIA DE UM
OJETO NÃO PODE DERIVAR DA SUA DEFINIÇÃO CONCEITUAL.
Kant – seja qualquer
e quanto se queira o conteúdo do nosso conceito de um objeto, nós sempre temos
que sair dele, para conferir existência a esse objeto.
A VERICAÇÃO
PERCEPTIVA É O ÚNICO CRITERIO CERTO DE EXISTENCIA.
Kant – nos
objetos dos sentidos isso acontece mediante a conexão com umas de minhas percepções,
segundo leis empíricas; mas para os objetos do pensamento puro absolutamente
não há meio de conhecer a sua existência, porque esta deveria conhecida
inteiramente a priori.
NÃO PODEMOS AFIRMAR A
EXISTENCIA DE COISAS DAS QUAIS TEMOS SOMENTE UMA IDEIA PURA NÃO EXPERIMETÁVEL,
MESMO SE ISSO NÃO IMPLICA QUE NÃO POSSA EXISTIR.
Kant – Mas a
nossa consciência de toda existência ( ou pela percepção, imediatamente, ou por
raciocínio que unem alguma coisa à percepção) pertence em tudo e por tudo à
unidade da experiência; e se a existência fora desse campo certamente não pode
ser declarada absolutamente impossível, constitui, portanto, uma hipótese que
não temos como justificar.
DA IDEIA DE DEUS COMO
SER PERFEITO NÃO DERIVA A EXISTENCIA DE DEUS.
Kant – o conceito
de um Ser supremo é uma ideia útil sob muitos aspectos; mas, justamente por ser
uma simples idéia, é incapaz, por si só, de ampliar o nosso conhecimento a
respeito do que existe...
ENTRE O PLANO DA
LÓGICA E DA EXISTENCIA EXISTE UMA LACUNA, COMO ENTRE AS CONTAS DO LIVRO CAIXA
(FALSIFICÁVEIS) E A RIQUEZA EFETIVA.
Kant – todo o
trabalho e o estudo investido no tão famoso argumento ontológico da existência
de um Ser supremo foram, portanto, perdidos; e um homem, por meios de simples
ideias, certamente não se enriquecerá de conhecimentos, da mesma forma que um
comerciante não poderia enriquecer de dinheiro se, para melhorar a sua própria
condição, acrecentasse alguns zeros em seu livro caixa.