quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SANTO ANSELMO: posso provar a existência de Deus. KANT: a existência de Deus nunca poderá ser provada.


SANTO ANSELMO X KANT

SANTO ANSELMO: posso provar a existência de Deus.

KANT: a existência de Deus nunca poderá ser provada.


A PROVA ONTOLÓGICA DA EXISTENCIA DE DEUS POR SANTO ANSELMO.

O PROBLEMA: A existência de Deus pode ser provada por meio de um raciocínio lógico?

A TESE: Santo Anselmo de Aosta, bispo, partiu para uma argumentação para provar a existência de Deus usando exatamente o oposto da fé, a razão, ou seja, o raciocínio lógico. Essa idéia é um reflexão sobre a perfeição. Suponhamos que existem dois tipos de perfeição, uma realmente existente, a outra somente imaginada pela mente. Qualquer um concordaria que a primeira é superior à segunda porque perceptível, faltando a esta última uma importante característica: a existência. Mas se Deus é ser perfeitíssimo então deve necessariamente existir. Concluindo: a definição de Deus como aquilo ao qual nada é maior (de que nem mesmo um ateu pode discordar) implica sua existência. O ateu permanece ateu somente porque é estúpido, ou melhor, insipiente, sem sal, ou seja, sem inteligência.
Kant, refutando Anselmo diz que a existência de Deus nunca poderá ser provada.

O PROBLEMA: pode-se provar a existência de Deus com argumentos racionais?

A TESE: como vimos acima, Anselmo tentou deduzir a efetiva existência de Deus como conseqüência lógica de sua natureza perfeita com base na idéia de que um ser absolutamente perfeito não pode ser desprovido do atributo da existência. No entanto, nesse raciocínio existe um grave erro: não é possível afirmar a existência de um objeto com base na idéia que temos dele, mesmo se lhe atribuímos o caráter de perfeição absoluta. Efetivamente, seguindo a argumentação de Anselmo, deveríamos declarar existentes também 100 moedas, quando fomos capazes de imaginá-las, pensá-las, defini-las perfeitamente, porque nesse caso também a ideia de absoluta perfeição deveria conter a perfeição, e se conferi a existência de Deus por esse meio ganhando a salvação, deveríamos também ficarmos ricos com as moedas absolutamente perfeitas.
Vejamos os argumentos dos dois:

O problema: encontrar um argumento racional, sólido, simples e poderoso, para demonstrar a existência de Deus.

Anselmo – Depois de insistentes pedidos de alguns coirmãos, escrevi um opúsculo como exemplo de meditação sobre as razões da fé, como alguém que, raciocinando consigo mesmo, indaga o que ignora; mas depois, considerando que o escrito é constituído pelo encadeamento de muitos argumentos, comecei a me perguntar se não podia encontrar um argumento único que demonstrasse por si só, sem necessidade de outro qualquer, que Deus existe e que é bem supremo, que não precisa de nada e de quem todo o resto necessita para ser e ter valor, e que também bastasse para demonstrar as outras verdades em que acreditamos acerca da substancia divina.

ANSELMO RECORRE AO SOBRNATURAL

Anselmo - Concede-me senhor, tu que dás inteligência à fé, concede-me nos limites do conveniente entender que tu és como acreditamos. Na verdade, nós acreditamos que tu és algo maior do que tudo que se pode pensar.

ANSELMO INSULTA O ATEU A REFUTÁ-LO.

Anselmo – Mas talvez não exista uma tal natureza, posto que o insipiente disse em seu coração: Deus não existe. Sem dúvida, porém, o próprio insipiente, quando ouve o que digo (algo maior do que tudo que se pode pensar),entende o que está escutando e compreende em seu intelecto, mesmo sem entender que aquela coisa sobre a qual escuta existe. De fato, entender uma coisa com o intelecto é distinto de entender que aquela coisa existe.

SEGUNDO ANSELMO, AS COISAS PODEM EXISTIR NO PENSAMENTO OU NA REALIDADE.

Anselmo - Quando um pintor imagina o que está para pintar, tem no intelecto, mas não acredita que exista aquilo que ainda não pintou. Quando ao contrário já o pintou, tem o que pintou no intelecto e acredita que ele existe.
PARA ANSELMO ACREDITA QUE A PERFEIÇÃO DIVINA É CERTAMENTE PENSÁVEL, MAS O PROBLEMA É ESTABELECER SE É REAL.
Anselmo – portanto, o insipiente também está convencido de que existe, ao menos no intelecto, alguma coisa da qual não se pode pensar nada maior. Ao escutar isso, de fato, entende-o, e quando entende alguma coisa quer dizer que já tem essa alguma coisa no intelecto. Ora, aquele do qual não se pode pensar nada maior não pode existir somente no intelecto.

ESTE ARGUMENTO NÃO SE BASEIA NA FÉ, MAS SOMENTE NA RAZÃO.

Anselmo – De fato, Deus é aquilo de não se pode pensar nada maior. Quem entende isso de modo correto 
entende também que Ele é tal de modo a não se poder afirmar que não exista nem mesmo no pensamento. Quem, portanto, entende como é Deus não pode pensar que não exista.
KANT: A EXISTENCIA DE DEUS NUNCA PODERÁ SER PROVADA
A EXISTENCIA DE UM OJETO NÃO PODE DERIVAR DA SUA DEFINIÇÃO CONCEITUAL.

Kant – seja qualquer e quanto se queira o conteúdo do nosso conceito de um objeto, nós sempre temos que sair dele, para conferir existência a esse objeto.

A VERICAÇÃO PERCEPTIVA É O ÚNICO CRITERIO CERTO DE EXISTENCIA.

Kant – nos objetos dos sentidos isso acontece mediante a conexão com umas de minhas percepções, segundo leis empíricas; mas para os objetos do pensamento puro absolutamente não há meio de conhecer a sua existência, porque esta deveria conhecida inteiramente a priori.

NÃO PODEMOS AFIRMAR A EXISTENCIA DE COISAS DAS QUAIS TEMOS SOMENTE UMA IDEIA PURA NÃO EXPERIMETÁVEL, MESMO SE ISSO NÃO IMPLICA QUE NÃO POSSA EXISTIR.

Kant – Mas a nossa consciência de toda existência ( ou pela percepção, imediatamente, ou por raciocínio que unem alguma coisa à percepção) pertence em tudo e por tudo à unidade da experiência; e se a existência fora desse campo certamente não pode ser declarada absolutamente impossível, constitui, portanto, uma hipótese que não temos como justificar.

DA IDEIA DE DEUS COMO SER PERFEITO NÃO DERIVA A EXISTENCIA DE DEUS.

Kant – o conceito de um Ser supremo é uma ideia útil sob muitos aspectos; mas, justamente por ser uma simples idéia, é incapaz, por si só, de ampliar o nosso conhecimento a respeito do que existe...

ENTRE O PLANO DA LÓGICA E DA EXISTENCIA EXISTE UMA LACUNA, COMO ENTRE AS CONTAS DO LIVRO CAIXA (FALSIFICÁVEIS) E A RIQUEZA EFETIVA.

Kant – todo o trabalho e o estudo investido no tão famoso argumento ontológico da existência de um Ser supremo foram, portanto, perdidos; e um homem, por meios de simples ideias, certamente não se enriquecerá de conhecimentos, da mesma forma que um comerciante não poderia enriquecer de dinheiro se, para melhorar a sua própria condição, acrecentasse alguns zeros em seu livro caixa.