quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os Milésios: Tales, Anaximandro, Anaxímenes

     Nas primeiras páginas de Metafísica, resumindo as doutrinas dos pensadores gregos que o precederam, Aristóteles afirma que Tales e o os seus discípulos de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes, foram os primeiros filósofos, porque enfrentaram racionalmente - e, portanto, sem recorrer a uma explicação mítica, ou seja, religiosa. o problema do princípio primordial ( arché, em grego), do qual deriva tudo. É evidente que tal progresso da espiritualidade humana não pode ter ocorrido de uma unica vez. Por isso, a afirmativa de Aristóteles deve ser entendida como uma precisa definição da filosofia, porque localiza a essência do novo estilo de pensamento não na originalidade dos problemas, mas nos processos utilizados para se chegar a uma resposta. A filosofia, em resumo, tem início quando o pensamento se torna racional, seja no sentido de procurar acompanhar processos lógicos, seja no sentido de encontrar na realidade provas que sustentem as afirmações produzidas. E por mais que hoje nos pareçam pobres, as respostas de Tales e dos Milésios, pela sistemática recusa ao provável e ao fantástico, já são totalmente racionais.
    A história da escola filosófica de Mileto, hoje uma cidade da Turquia, está ligada aos acontecimentos políticos na Ásia Menor entre os séculos VI e IV a.C. Depois de beneficiar-se de sua localização, favorável ao comercio, e de experimentar um grande desenvolvimento socioeconômico e tecnológico, Mileto foi ocupada pelos persas e várias vezes destruídas, o que determinou o fim da sua escola filosófica.
    Apesar do grande volume de relatos, não sabemos muita coisa a respeito de Tales (cerca de 624-545 a.C.). A sua figura, efetivamente, está condicionada ao fato de ele ser o primeiro de uma série de filósofos e de sua imagem corresponder ao esterótipo que faz desse tipo de pensador: Tales é observador da natureza, o inventor genial, político empenhado na luta contra os persas, além de geômetra, astrônomo e um observador do céu tão atento a ponto de distrair-se e cair em um buraco de rua. Dessa forma é fixada a imagem do filósofo que, de tão absorto em profundas reflexões, não tem mais condições de enfrentar a vida cotidiana.
   aparentemente, Tales nada escreveu, mas resta um fragmento dos pensamentos de Anaximandro (cerca de 610-547 a.c.) e de Anaxímenes ( cerca de 596-525 a.C) cuja contribuição se limita a oferecer uma resposta diferente ao problema apresentado por Tales.

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