quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quebrando a barreira da ignorância.



 Convicto tornei-me da natureza universal. Convicto de que todos os deuses e fantasmas são mitos que entraram na minha mente, na minha alma, em cada gota do meu sangue, o senso, o sentimento e a alegria da liberdade. Fugi da prisão quando os muros racharam. Livre agora estou. A luz invadiu as masmorras e a tristeza deu lugar à alegria. Pó foi o que restou às travas, as algemas, as barreiras. Um servo, um servente ou um escravo, nada mais disso sou. Sem mestres estou nesse gigantesco mundo. Nesse espaço infinito onde paira o meu finito ser dimensional desse planeta azul. Estou livre. Penso livremente em um ideal de vida e amor. Rejeitei toda e qualquer crença cruel e ignorante digitado em todos os "livros sagrados" que selvagens ignorantes e estúpidos do passado produziram. Livre de todas as bárbaras lendas do passado, livre de papas e padres, de todos os "chamados" e dos "excluídos", dos erros santificados e das mentiras santas, do medo de sofrimento eterno, dos monstros alados da noite, de diabos, fantasmas e deuses. Pela primeira vez sou livre. Não há lugares proibidos em qualquer recanto da minha mente. Não há lugar que a imaginação não possa atingir com suas asas coloridas. Nenhuma algema me prendendo. Nenhum acoite nas minhas costas. Nenhum fogo na minha carne, nenhum mestre me encarando nem ameaçando, nada mais de seguir os passos dos outros, nenhuma necessidade de me curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Estou livre. Coloco-me de pé e sem medo e alegremente, encaro o mundo. E então, meu coração é preenchido de gratidão, com a paixão por todos aqueles heróis, os pensadores, que deram suas vidas pela liberdade de mãos e cérebros, pela liberdade de trabalho e pensamento, por aqueles que tombaram nos campos cruéis da guerra; aqueles que morreram nas masmorras, acorrentados; aqueles que subiram orgulhosamente os degraus do patíbulo, aqueles acoitados no pelourinho, aqueles cujos ossos foram esmagados, cujas carnes foram feridas e rasgadas; aqueles que foram esquartejados e lançados seus membros nos recantos do país, por aqueles consumidos pelo fogo, por todos os bravos, sábios e bons de todos os países, cujo saber e ações resultaram em liberdade para os filhos dos homens. Não de deuses. Quando me dispus a segurar a tocha que eles acenderam e a ergui no alto, aquela chama pôde ainda iluminar a escuridão. Vou ser verdadeiros para mim mesmo. Verdadeiro para os fatos que conheço e, acima de tudo, preservar a veracidade de minha alma. Se há deuses, não posso ajudá-los. Mas poço ajudar meus semelhantes. Não posso amar o inconcebível, mas poço amar minhas companheiras, filhos e amigos. Poço ser tão honesto quanto ignorante. Se o que há alem do horizonte do desconhecido, na geografia do além for me perguntado, direi que não sei. Eu posso dizer a verdade. A liberdade que os bravos conquistaram, posso gozar. O monstro da superstição posso destruir. A serpente silvante da ignorância e do medo posso destruir. As coisas assustadoras que dilaceram e ferem com bicos e garras, posso afastar de minha mente. Civilizar nosso semelhante posso. Posso preencher a minha e sua vida com ações generosas, com palavras carinhosas, com arte e música e todo o êxtase do amor. Inundar nossos anos com o brilho do sol posso. Posso, com o clima da candura, beber até a última gota do cálice dourado da felicidade. Posso olhar a natureza e entender seus mistérios. Isso posso." 

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