quarta-feira, 26 de outubro de 2011









1        Mesmo a boca do inferno mudou sua natureza pelos maus negócios e pelos negociantes mais espertos, mas atribuiu tudo isso ao açúcar.




2        Lamentamo-nos sempre da instrução tola e não vemos que o sangue sentimental teria perecido se o mortal não tivesse começado por ser guria. Aquela energia vital está impulsionando a adulterar a criação tão rejeitada. Hora frio, hora quente, hora acordo. A guria não é dona de si e nem tem posse, nem possuidor. A dor estimula ao analgésico. O vento sopra para um lado, outro, nenhum. A torrente o arrasta, afunda, petrifica, submerge. Jogando e sendo jogada uma hora ganha, outra perde. O pacto foi aí que tudo chegou ao ponto. O homem, o único dos seres, condenado a viver angustiado para sempre. O contrato firmado entre o fogo e o gelo; pois o melhor lucro é aquele que nem se perde e nem se ganha.


 3 Em estado vegetativo nós não temos nenhuma individualidade, mas, uma vez que, abriu-se o caminho para esse mundo, embora nos parecesse fracos, na verdade, nesse momento o homem faz uma exigência para participar desse mundo. Pois em contato com esse mundo de maneira sensível, sente de imediato de que tem um direito de ser dado o que lhe pertence, pois do contrario, choraríamos até a morte, que não chega nem a ser morte no sentido lato. Posto que tivesse contato direto com o mundo que lhes foi negado. Volta então ao seu estado anterior no que diz respeito aos eventos desse mundo. Ao chorar, estamos exigindo com um grito de quem não se rende: “ou me dá o que eu preciso ou não participo.” Essa exigência mostra uma posição não só de respeito pela sua necessária participação, mas porque já impôs autonomia de sua natureza adversa. Só resta ao mundo das coisas, sem liberdade, acatar o direito que nos pertence. Digamos que uma criança tem três dias de nascida que reclama por seus direitos, os gritos ecoam chamando a atenção de todos os animais que já adquiriram um grande poste, pois a criança está sendo devorada por pequenas formigas, mas chega o tamanduá e come as formigas, a loba passou a alimenta-la, então, nesse contato direto com os seres a criança assume o seu papel de senhor dos seres. Ela não é só procriação. Não queremos só procriar, não é numero que nos interessa em primeira instancia, mas um salto de qualidade em nossa prole. O homem sempre em busca de sua perfeição natural que caminha em uma perfeita imperfeição porque infinita. Quando o homem deu o primeiro gemido, ele disse: eu sei que posso porque sei quem sou. Essa perfeição é notada quando se nega ser perfeito. Que sujeito mais perfeito do que aquele que diz que errou no intuito, ou na certeza de estar certo? Dois eventos forma o homem: a necessidade e a autonomia. Assim como extraímos da natureza nossa participação, porque aceitamos tal condição como acordo, a natureza extrai de nós o que podemos ter de melhor, que pode ser seu equilíbrio ou  transformação. A natureza precisa de sucessivas repetições de fenômenos para extrair o ouro e uni-lo ao mercúrio, mas o homem é o mais rápido a uni-lo. A união exata só é possível com a participação do homem. Como ser feliz sim, como o nativo sim, mas sempre consciente de sua participação que é uma exigência que pode ou não ser negada, mas que tenha consciência disso. O contrato firmado entre o homem e a natureza é sua perfeição racional tão farto nos seres carente de reforma e contra reforma. Nua adequação. Esse não negar, é o homem que aflora o amor pelo mundo que lhe acolheu com seus sofrimentos, mas que o homem não desiste nunca de lutar, não só para se mantiver vivo, mas para esse mundo viver.



4        Desobediente porque não havia regras, sem buscar nenhuma perfeição que já não tivesse. Sem razão de ser emocionavam-se com suas imaginações. Sem valores de bem, beleza e verdade.





5         A Onório nasceu com todos os predicados do gênio sentimentalista. De sua condição afetuosa. Mas nasceu, hoje, em meio a uma empresa feliz porque instalou esse belo mundo com sangue e suor não para si, mas para seu convidado. E diz: seja bem vindo! O convidado, sem conter a emoção pela oportunidade que lhe deram, põe-se a chorar como menino.



6        Um fato da conta, só, por exemplo, falando de Onório, que “o catedrático de fábula da Papa Instituição Universal do Rio Grande do Sul ouviu uns estalos na sala ao lado. Pressentiu perfume de relatório queimado. Correu para outra sala onde fica a Biblioteca Central Irmão José Otão. Abriu a porta. Nada havia mais o que fazer. Sentiu uma pancada na cabeça vindo detrás. Despertou com a cabeça doendo. Um homem sentado em uma cadeira o observava.”
                                              (segue post segunite)

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