O PROBLEMA:a hipótese atomista
explica a estrutura dos corpos, mas podem explicar também a sua origem? Ou
seja, a origem do átomo? Ou da matéria? Mas o que leva os átomos a se agregarem
para formar compostos estáveis?
A TESE: para responder a essas
perguntas, Demócrito formulou a teoria dos vórtices, que obteria um grande
sucesso no meio cientifico: a agregação dos átomos em corpos sólidos e compactos
deve-se a fenômenos puramente mecânicos, particularmente à força centrípeta
agregadora desenvolvida pelo movimento em vórtice. Antes de tudo, Demócrito
tinha interesse em trazer à luz a afirmação de que o nascimento da vida depende
de processos automáticos (putrefação, fermentação), os quais não requerem a
intervenção de qualquer inteligência divina.
Na primitiva comunhão de todas as
coisas, o céu e a terra tinham um único aspecto, sendo misturada a sua matéria.
Portanto,
no caos inicial não tinha corpos diferenciados.
Em seguida, separando-se os
corpos uns dos outros, o mundo foi assumindo todo esse ordenamento que nele se
vê: o ar recebeu um movimento ininterrupto e a sua porção ígnea recolheu-se as
regiões mais alta da atmosfera, pois essa matéria tendia para o auto devido a
sua leveza. De fato, uma matéria transformada em gás leve, sobe provocando o
movimento de vazio e preenchimento. Portanto, o diferente peso dos átomos
produziu uma primeira separação.
Por essa razão, o Sol e a
multidão de astros foram apanhados no vórtice geral; a parte lamacenta e turva,
com mescla de elementos úmidos, depositou-se inteiramente em um lugar graças a
seu peso e, girando e volvendo-se continuamente sobre si mesma, com o elemento
liquido formou o mar. Com as partes mais solidas, formou a terra, lamacenta e
mole.
Portanto, os corpos celestes formaram-se em consequência de um movimento em
vórtice.
E a terra, inicialmente sob o
ardor do fogo solar, tornou consistente; em seguida, o calor provocou
fermentações em sua superfície; em muitos lugares, as partes úmidas incharam,
produzindo-se em torno delas putrefações envoltas em sutis membranas. Isso pode
ser observado ainda hoje nos charcos e pântanos: depois que essas regiões se
resfriam, o ar torna-se imediatamente escaldante, em vez de aquecer-se
gradualmente. Portanto, o nascimento da vida explica-se com processos de putrefação e
fermentação.
E posto que aquelas partes úmidas
produzissem embriões (pela elevação do calor) do modo que foi dito, esses
embriões recebiam alimento da neblina que descia da atmosfera a noite e se
consolidavam com o calor do Sol durante o dia; enfim, à medida que esses fetos
tão fechados completavam seu crescimento e as membranas dissecadas se
dilaceravam, vinham à luz as variadíssimas espécies animais. Portanto,
a ação do calor e do frio explica a evolução dos processos vitais.
Dentre esses, aqueles que
possuíam mais calor se alçaram nas regiões do ar, tornando-se voláteis; aqueles
que tinham uma constituição terrosa foram incluídos na ordem dos repteis e de
outros animais terrestres; aqueles que alcançaram características
particularmente úmidas voltaram-se para o elemento próprio de sua natureza e
foram denominados aquáticos. A terra, que se tornara Cada vez mais dura pela
ação do calor solar e do vento, não teve mais condições de produzir nenhum dos
animais maiores, mas cada espécie dos que estão vivos começou a propagar pela
mútua união dos próprios seres. Portanto, a união entre os animais depende
da estrutura atômica.
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