terça-feira, 22 de maio de 2012

Como a vida nasceu de um vórtice


O PROBLEMA:a hipótese atomista explica a estrutura dos corpos, mas podem explicar também a sua origem? Ou seja, a origem do átomo? Ou da matéria? Mas o que leva os átomos a se agregarem para formar compostos estáveis?

A TESE: para responder a essas perguntas, Demócrito formulou a teoria dos vórtices, que obteria um grande sucesso no meio cientifico: a agregação dos átomos em corpos sólidos e compactos deve-se a fenômenos puramente mecânicos, particularmente à força centrípeta agregadora desenvolvida pelo movimento em vórtice. Antes de tudo, Demócrito tinha interesse em trazer à luz a afirmação de que o nascimento da vida depende de processos automáticos (putrefação, fermentação), os quais não requerem a intervenção de qualquer inteligência divina.

Na primitiva comunhão de todas as coisas, o céu e a terra tinham um único aspecto, sendo misturada a sua matéria. Portanto, no caos inicial não tinha corpos diferenciados.
Em seguida, separando-se os corpos uns dos outros, o mundo foi assumindo todo esse ordenamento que nele se vê: o ar recebeu um movimento ininterrupto e a sua porção ígnea recolheu-se as regiões mais alta da atmosfera, pois essa matéria tendia para o auto devido a sua leveza. De fato, uma matéria transformada em gás leve, sobe provocando o movimento de vazio e preenchimento. Portanto, o diferente peso dos átomos produziu uma primeira separação.
Por essa razão, o Sol e a multidão de astros foram apanhados no vórtice geral; a parte lamacenta e turva, com mescla de elementos úmidos, depositou-se inteiramente em um lugar graças a seu peso e, girando e volvendo-se continuamente sobre si mesma, com o elemento liquido formou o mar. Com as partes mais solidas, formou a terra, lamacenta e mole. Portanto, os corpos celestes formaram-se em consequência de um movimento em vórtice.

E a terra, inicialmente sob o ardor do fogo solar, tornou consistente; em seguida, o calor provocou fermentações em sua superfície; em muitos lugares, as partes úmidas incharam, produzindo-se em torno delas putrefações envoltas em sutis membranas. Isso pode ser observado ainda hoje nos charcos e pântanos: depois que essas regiões se resfriam, o ar torna-se imediatamente escaldante, em vez de aquecer-se gradualmente. Portanto, o nascimento da vida explica-se com processos de putrefação e fermentação.
E posto que aquelas partes úmidas produzissem embriões (pela elevação do calor) do modo que foi dito, esses embriões recebiam alimento da neblina que descia da atmosfera a noite e se consolidavam com o calor do Sol durante o dia; enfim, à medida que esses fetos tão fechados completavam seu crescimento e as membranas dissecadas se dilaceravam, vinham à luz as variadíssimas espécies animais. Portanto, a ação do calor e do frio explica a evolução dos processos vitais.
Dentre esses, aqueles que possuíam mais calor se alçaram nas regiões do ar, tornando-se voláteis; aqueles que tinham uma constituição terrosa foram incluídos na ordem dos repteis e de outros animais terrestres; aqueles que alcançaram características particularmente úmidas voltaram-se para o elemento próprio de sua natureza e foram denominados aquáticos. A terra, que se tornara Cada vez mais dura pela ação do calor solar e do vento, não teve mais condições de produzir nenhum dos animais maiores, mas cada espécie dos que estão vivos começou a propagar pela mútua união dos próprios seres. Portanto, a união entre os animais depende da estrutura atômica.

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