sábado, 29 de setembro de 2012

DE HOMENS QUE CRÊEM A HOMENS QUE PENSAM





O PROBLEMA: E que consiste o fenômeno religioso?

A TESE: Qualquer religião representa uma forma de alienação, uma patologia do espírito pela qual o homem projeta a sua humanidade fora de si mesmo, criando inconscientemente um ídolo ao qual depois se submete. Consequentemente, todo progresso em campo teológico se transmuta em um correspondente abaixamento da humanidade. A glória de Deus funda-se na diminuição do homem, a beatitude divina na miséria humana, a divina sapiência na insensatez humana, a potencia divina na fraqueza humana. O ateísmo torna-se, assim, um dever ético do homem que reencontrou a si mesmo. É preciso transformar os homens de amigos de Deus em amigos dos homens, de homens que creem em homens que pensam de candidatos a outro mundo em estudiosos deste mundo, de cristãos – que se reconhecem metade animais e metade anjos – em homens na sua inteireza.

A SÍNTESE: A religião é uma ilusão perniciosa. Vejamos: em suas relações com as ideias religiosas, a razão consciente deve apenas destruir uma ilusão, porem, que está longe de ser inócua, porque exerce sobre o homem uma influencia fundamental perigosa e funesta, que destrói as suas forças para a vida real e lhe faz perder o sentido da verdade e da virtude.
O amor religioso é contra a natureza. Vejamos: de fato, o próprio amor, sentimento em si mais verdadeiro, é corrompido pela religião e transformado em um sentimento puramente aparente e ilusório; o amor religioso não ama o homem senão por amor a Deus – ou seja, ama o homem só aparentemente. As historias da religião primitiva até os dias de hoje falam por si sós. Porque na realidade não ama o homem, mas Deus. É de se ver que se uma espécie viva inteligente sabendo dessa fraqueza humana poderia se fazer passar por um Deus, Jesus, e com sua tecnologia, poderia facilmente escravizar os humanos religiosos que “subiriam” com eles. E, até, matariam os homens que os alertassem dessa armadilha. Portanto, a humanidade está em perigo, considerando que possa existir uma mente inteligente extraterrestre.

Deus é pensado em contraposição ao ser humano. Considere: a religião é a cisão do homem consigo mesmo: ele se põe diante de Deus como um ser contraposto. Deus é o ser infinito, o homem é o ser finito; Deus é perfeito, o homem imperfeito; Deus é eterno, o homem temporal; Deus é onipotente, o homem impotente; deus é santo, o homem pecador. Portanto, deus e o homem são extremos: Deus é o polo positivo, a some de todas as realidades, o homem é o polo negativo, a soma de todas as nulidades.

O próprio fato de o homem sentir-se cindido de Deus significa que não é verdadeiramente um outro ser. O homem tem como objeto, na religião, o seu ser oculto. Deve-se portanto, demonstrar que essa antítese, essa desarmonia entre Deus e o homem, onde a religião tem sua origem, é uma desarmonia do homem  com o seu próprio ser. A intima necessidade dessa demonstração resulta do fato de que se realmente o ser divino, o objeto da religião, fosse algo diferente do ser homem, não podia realizar-se uma cisão, uma desarmonia. Se realmente Deus é um outro ser, que me importa a sua perfeição?

Pode cindir-se somente aquilo que é em si unitário. Portanto, cisão só existe entre seres em discordância entre si, mas devem, depois de cindido, constituir um único ser; podem sê-lo e, em consequência, essencialmente são realmente um só ser.
Logo, deus é uma criação da mente. Portanto, já a partir desse principio geral, deve resultar que o ser, do qual o homem religioso se sente cindido, é um ser que lhe é inato, mas ao mesmo tempo um ser de natureza diversa, como o ser ou o poder que lhe dá o sentimento, a consciência da conciliação, da unidade de Deus ou, o que forma um todo, consigo mesmo.

Deus é a objetivação da razão humana. Porque esse ser não é nada mais que a inteligência, a razão ou o intelecto. Deus concebido como o extremo oposto do homem, não como um ser humano – ou seja, pessoalmente humano - ,é o ser objetivado do intelecto. O ser divino, puro, perfeito, desprovido de defeitos é a autoconsciência do intelecto da própria perfeição. O intelecto não conhece os sofrimentos do coração: não tem desejos, paixões, necessidades e justamente por isso, nenhuma deficiência ou fraqueza, como o coração.


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